Por Linda Gabrieli da Silva Limeira
1 INTRODUÇÃO
É na docência que o professor preocupa-se com o desenvolvimento das crianças e/ou adolescentes enquanto sujeitos de sua aprendizagem, que consigam criar suas hipóteses e a cada vez mais se interessarem pela busca do conhecimento. Neste processo de ensino e aprendizagem que ocorre entre professor e aluno, pode-se perceber que muitos professores seguem os métodos de ensino tradicional, no qual os alunos sentam-se em fileiras, abrem o livro didático e fazem cópias tal qual o livro à sua frente, sem se preocupar se de fato o aluno esta aprendendo. E do outro lado têm-se o aluno, cansado destes métodos tradicionais e sem sentido algum para ele, acaba por desgostar da escola, evadindo e muitas vezes não se dedicando a algo tão importante, o estudar.
Pensando em um professor que forme um ser integral, e não apenas para repassar informações, faz-se o processo de reflexão da prática docente, que nos instiga a pensar o quão importante é que o professor baseie suas aulas na curiosidade dos alunos, e consiga desenvolver seu aluno através de metodologias diferenciadas, atrativas e que despertem-no o interesse por aquilo que se está ensinando. Dentro desta perspectiva, fazer o uso de algumas metodologias diferenciadas, além de proporcionar a estes aprendizagens mais significativas, é possível através da observação dos educandos detectar suas dificuldades e sua maneira de aprender, além de trazer consigo ainda o auxílio aos alunos que precisam de acompanhamento de um profissional especializado, para que o mesmo consiga ter uma aprendizagem significativa e prazerosa.
Por este motivo, surgiu o questionamento referente à importância do uso de metodologias diferenciadas e da observação em sala de aula como forma de auxiliar e identificar o aluno com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e ajudar no processo de aprendizagem dos alunos, além de trazer ainda o auxílio aos alunos que precisam de acompanhamento de um profissional especializado e com isso tornar o ensino mais dinâmico e prazeroso, trazendo o aluno para sala de aula e estimulando-o a buscar seu próprio conhecimento, conhecendo os diversos meios para buscar aprendizagens significativas.
Neste sentido, trazendo o enfoque para o professor como um mediador e emancipador, acreditamos que a melhor maneira de tornar-se é realizando uma prática de qualidade e excelência. Assim, nosso papel enquanto educadores é fazer com que nossos alunos nos vejam como exemplos de mediadores, que além de trazer conhecimentos novos, que agregam com aquilo que já se sabe, mas também tragam a realidade do aluno para sala de aula, com práticas que proporcionem uma aprendizagem mais significativa. Desta forma, as metodologias diferenciadas e a observação em sala de aula contribuem para que o professor compreenda as dificuldades dos alunos, suas habilidades e seu modo de aprender, conseguindo também detectar alunos que possuem TEA. Buscando assim alternativas e métodos de ensino que auxiliem este educando na aprendizagem de maneira significativa.
O estudo tem por objetivo compreender a importância do uso metodologias diferenciadas e a observação em sala de aula como ferramenta que auxilia no processo de ensino aprendizagem e o reconhecimento de alunos com TEA, buscando auxiliá-los e tornando sua aprendizagem significativa e prazerosa. De modo complementar tem por objetivos específicos (a) refletir sobre o que é o Transtorno do Espectro Autista, bem como suas implicações em sala de aula e nas relações sociais; (b) descrever de que forma metodologias diferenciadas e a observação tornam-se uma aliada do professor em sala de aula e do educando em sua aprendizagem;
Os avanços vivenciados nos últimos anos têm influenciado de forma significativa área da educação. Muito se tem visto e ouvido sobre a aprendizagem dos nossos educandos, novos métodos de ensino, novas tecnologias, novas maneiras de observar e detectar um aluno com dificuldade de aprendizagem. Estes avanços devem ser vistos pelo professor como um aliado, que junto ao seu conhecimento e seu uso correto podem proporcionar aos alunos com TEA aulas mais dinâmicas, atrativas, voltadas diretamente para suas dificuldades e habilidades. Sabemos que a utilização de algumas ferramentas em sala e aula não é tarefa fácil, pois muitas escolas ainda não dispõem de material, e pessoas qualificadas que o auxiliem nestes processos, e se possuem, os professores não sabem utilizá-las de modo a auxiliar no desenvolvimento do aluno. Nesta perspectiva, a possibilidade de integrar instrumentos como parte de ações educativas e de projetos pedagógicos que venham a auxiliar na aprendizagem e na construção de conhecimento pelos alunos, torna-se algo fundamental no processo educacional, pois rompe com a visão de ensino tradicional, onde o aluno é apenas um espectador e o professor é um transmissor de informações, buscando cada vez mais trazer a realidade do aluno para dentro da sala de aula dando sentido para os conhecimentos adquiridos. Além de proporcionar uma reflexão acerca da inclusão dos alunos com TEA dentro de sala de aula e de como são as aulas para estes educandos.
A natureza dessa pesquisa é de cunho bibliográfico. Segundo Gil (2002) a pesquisa bibliográfica é caracterizada por ser um procedimento técnico e por utilizar exclusivamente publicações para o estudo, especialmente livros e periódicos. A escolha dos textos diz respeito ao problema de investigação proposto. Este processo de pesquisa se desencadeou por meio de leituras e sua devida interpretação para o conhecimento do assunto e o posterior desenvolvimento da temática. Assim, ao selecionar referências e dar a elas um novo corpo, ou seja, ajustá-las de acordo com a temática escolhida, significa que já se estará desenvolvendo uma ação de pensamento próprio e enriquecendo a experiência pedagógica.
O artigo apresenta-se em três partes. A primeira discute sobre o conceito do Transtorno do Espectro Autista – TEA e suas relações em sala de aula. Na segunda parte, trata-se sobre metodologias diferencias e a observação como aliada do professor em sala de aula para detectar alunos com TEA e realizar o processo de inclusão do mesmo. Para então, manifestar considerações acerca da investigação realizada, enfatizando a colaboração para área da educação, seguida das referências utilizadas para o desenvolvimento da pesquisa.
2 DESENVOLVIMENTO
2.1 CONCEITO DE TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA) E SUAS RELAÇÕES EM SALA DE AULA
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um distúrbio do neurodesenvolvimento caracterizado por desenvolvimento atípico, manifestações comportamentais, déficits na comunicação e na interação social, padrões de comportamentos repetitivos e estereotipados, podendo apresentar um repertório restrito de interesses e atividades. O transtorno do espectro Autista é caracterizado por comprometimentos persistentes nas interações sociais, problemas na comunicação, linguagem, e padrões de comportamentos estereotipados e restritos. De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV), esse funcionamento anormal nas áreas descritas acima deve estar presente aos três anos. Segundo Fuentes (2008), o autismo é um distúrbio do comportamento de início precoce e crônico com impacto em várias áreas do desenvolvimento. Acarreta problemas na interação social e na comunicação social, assim como maneirismos e estereotipias. Como já foram mencionadas acima, essas anormalidades costumam estarem presentes antes dos três anos de idade e podem acometer indivíduos com quociente de inteligência (QI) dentro dos limites de normalidade.
O autismo é um transtorno biologicamente determinado, mas o diagnóstico é essencialmente clínico e deve seguir os critérios estabelecidos pela 10ª edição da Classificação Internacional de Doenças – CID-10 (Organização Mundial da Saúde, 1992 publicada pela Artmed) e pela 4ª edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM-IV. Quanto a classificação do TEA, Zanon (et. al) afirma:
o termo Transtorno do Espectro do Autismo vem sendo utilizado, nas publicações, para se referir a uma classe de condições neurodesenvolvimentais que, geralmente, inclui o transtorno autístico, o de Asperger, o desintegrativo da infância e o transtorno global do desenvolvimento não especificado, também conhecido como autismo típico (2014, p. 24).
O transtorno do espectro autista traz consigo particularidades e estereotipias individuais, ou seja, cada indivíduo com o TEA possui suas características individuais, como por exemplo, a interação social. Alguns indivíduos com TEA se relacionam bem com as demais pessoas e ainda aceitam o toque, outras, porém, possuem uma dificuldade extrema em se comunicar, trazendo ainda dificuldades na fala e não permitem o toque. Essas particularidades dependem de cada sujeito, sua interação com o ambiente e o biológico do seu corpo, dificultando muitas vezes o diagnóstico precoce e ainda o desenvolvimento do mesmo, pois não há uma maneira correta de ensiná-los, cada sujeito reage de uma forma ao ambiente, dificultando assim a aprendizagem.
O indivíduo com TEA apresenta dificuldades na concentração e na atenção, interferindo no ambiente escolar, o qual é o local onde se exige maior atenção para que se desenvolva e participe do processo de aprendizagem. Deste modo é de suma importância conhecer as características do sujeito com TEA, observando seus comportamentos e reações para que o professor possa utilizar métodos específicos a fim de estimulá-lo a enfrentar seus obstáculos.
Em suma, os indivíduos autistas, de um modo geral, possuem perturbações de índole cognitiva. A maioria denota défices no âmbito da aprendizagem, da formação de conceitos e da imaginação. Por outro lado, o nível de inteligência parece não evoluir com a idade, enquadrando-se frequentemente nos casos de atrasos severos ou ligeiros, enquanto que concomitantemente apresentam uma rigidez peculiar de pensamento e comportamento, acompanhada de uma pobreza imaginativa (SOUSA; SANTOS, 2016, p. 11).
Logo, as dificuldades de ordem cognitiva influenciam diretamente o social, o afetivo e o linguístico, tendo em vista o fato de que é o desenvolvimento cognitivo que rege todos os outros.
Quanto aos aspectos sociais, de acordo com Sousa e Santos:
[…] os autistas se destacam pela dificuldade em estabelecer laços afetivos ou comportamentos de apego, especialmente nos primeiros 5 anos de vida, não iniciando comportamentos espontâneos de contato. Especificamente no primeiro ano de vida não parecem existir as posturas antecipatórias normais quando o bebê deseja ser levantado ou tocado. Por outro lado, o contato pelo olhar dos indivíduos autistas parece ser algo superficial, dando a sensação de não estarem atentos (2016, p. 13).
Os sentimentos demonstrados por indivíduos com TEA são particulares, pois muitas vezes são incapazes de interpretar sentimentos e humores, e isso ocorre tanto no convívio com familiares como no ambiente escolar, com colegas e professores. São indivíduos peculiares, que possuem características únicas e que variam de um para o outro, uma característica muito comum entre esses indivíduos são o fato de sentiram-se estressados e irritados quando condicionados á mudanças de rotina, sejam elas mínimas ou não. Deste modo, os indivíduos quando estão sujeitos a mudanças acabam tendo episódios e raiva, com gritos, agressões com eles mesmos ou com quem esteja com eles, pois não possuem uma capacidade de adaptar-se com facilidade a mudanças. Quanto aos aspectos sensoriais, faz-se uma ligação do comportamento mais agitado, por vezes agressivo com a sensibilidade à audição. Por vezes os ruídos mais fortes são perceptíveis por eles de forma mais intensa acarretando um stress, por outro lado os mais discretos nem são percebidos pela falta de atenção. Assim, estes sujeitos possuem habilidades sensoriais, podendo ser trabalhado com musicalidade e metodologias que proporcionem aos mesmos desenvolver e aprender mais através desta habilidade.
Apresenta-se também características peculiares nos aspectos linguísticos, a linguagem corporal é afetada devido a dificuldades nas relações sociais, afetivas, como acenar por exemplo. “A aquisição da linguagem parece realizar-se de modo lento e tendo a estabilizar num nível inferior ao esperado” (SOUSA; SANTOS, 2016, p. 15). Existem obstáculos ao ativar o pensamento e a comunicação, acarretando repetições e dificuldades em manter comunicação com os outros. Uma característica comum nos sujeitos com TEA é a ecolalia, ou seja, ele repete frases ou palavras de forma constante. Outra característica comum e peculiar é o fato de não conseguirem falar em frases o eu, por exemplo, “eu não gosto de abraços” eles normalmente se experessam da seguinte forma: “O Davi (dizem seu próprio nome) não gosta de abraço”, por isso é importante estar atento, observando constantemente os alunos para que se possa identificar algumas reações, falas e interações que parecem comum, mas na verdade são um alerta para auxiliar no diagnóstico de sujeitos com TEA.
Torna-se de extrema relevância que estes indivíduos possuam uma atenção precoce, bem como o envolvimento de diversos profissionais da área da saúde no diagnóstico e cuidado com os mesmos. Por ser um diagnóstico clínico, é importante que professores e equipe diretiva tenham conhecimento do mesmo, para que possam auxiliar e acompanhar de modo a proporcionar uma aprendizagem e desenvolvimento significativos.
2.2 METODOLOGIAS DIFERENCIADAS, OBSERVAÇÃO E INCLUSÃO DE INDIVÍDUOS COM TEA
Acreditamos que a educação tem por objetivo promover a interação entre os sujeitos, fazendo com que os mesmos sintam-se pertencentes a uma sociedade, construindo sua personalidade, participando de grupos sociais promovam ainda mais suas ações coletivas e individuais. Acredito que uma das funções da escola é possibilitar o acesso aos conhecimentos previamente produzidos e sistematizados. O problema é o caráter mecânico dessa transmissão, isto é, o fato dela ser feita desligada das razões que a justificam e sem que os professores disponham de critérios para discernir entre aqueles conhecimentos que precisam ser transmitidos e aqueles que não precisam. Isso abre espaço para sobrecarregar os currículos com conteúdos irrelevantes ou cuja relevância não é alcançada pelos professores, o que os impede de motivar os alunos a se empenhar na sua aprendizagem. Essa situação torna as matérias curriculares desinteressantes para os alunos os quais passam a considerar o ensino como algo enfadonho, uma obrigação carente de sentido da qual eles buscam livrar-se assim que possível. Logo, Antunes expõe que
[…] se por um lado a escola foi criada para minimizar as diferenças, por outro ela acabou por desenvolver práticas e valores que aos poucos acentuam ainda mais, classificando e selecionando os alunos. Com critérios de permanência meritrocráticos e excludentes – especialmente – em termos de avaliação – muitas crianças e jovens foram colocados para fora da escola e, junto com isso, tiveram suas expectativas de vida podadas precocemente (2016, p. 57).
Na medida em que os professores conseguem lidar criticamente com os conhecimentos disponíveis, distinguindo entre o que é pedagogicamente relevante e o que não o é, que eles ganham condições de produzir seus próprios conhecimentos e, assim, o seu ensino deixa de ser mera transmissão incorporando também uma contribuição original. Neste sentido, metodologias diferenciadas de ensino buscam não só trazer o interesse do aluno para sala de aula e para o ato de aprender, mas auxilia na inclusão dos alunos com TEA, pois estes possuem dificuldades maiores em se relacionar com os colegas e fazerem aprendizagens significativas, trazendo assim um leque de possibilidades de como este aluno aprende e assim buscar alternativas de aprendizagem que traga ao aluno uma vontade e gosto pelo aprender.
É necessário que o professor busque alternativas para instigar seu aluno, fazendo com que o mesmo veja sentido naquilo que está aprendendo e busque cada vez mais pela construção de novos conhecimentos. O sujeito com TEA também possui curiosidades que devem ser estimuladas ainda mais, ele quer conhecer cada vez mais o mundo que o cerca, suas problemáticas, as implicações de suas ações na sociedade, e o papel do professor é proporcionar estes conhecimentos a estes alunos, bem como, abrir para as possibilidades que o mesmo possui frente ao meio social em que vive.
Nesse sentido, Corrêa afirma que
a educação deverá atender a todos os alunos em sala de aula comuns independente de suas condições de aprendizagem, reconhecendo as diferenças de cada um dos alunos e que envolva uma série de métodos diferenciados. No processo de inclusão escolar exige-se a mobilização da sociedade acreditando que cada ser humano possui suas próprias singularidades e história de vida que diferenciam entre si (2010, p. 13).
Pensar em um professor como apenas um transmissor de informações tornou-se algo ultrapassado. Hoje, não tem mais sentido um professor que se limita apenas em reproduzir conhecimentos e culturas, é preciso um professor que seja capaz de criar conhecimentos e de instigar seu aluno a criá-lo também, bem como tornar o cognitivo e o afetivo cada vez mais articulados entre si, pois esta relação é a mais forte nas práxis de um professor transformador, o qual além de apenas lecionar deve criar possibilidades para que o seu aluno aprenda a aprender, a conviver e a também viverem melhor.
A escola, nem sempre conseguiu provocar este prazer e nem explorar esta frustação, muito pelo contrário, durante muito tempo trabalhou com a frustração decorrente de fatores externos, como notas baixas, castigos, suspensões, e com o prazer também ligado a situações que acontecem fora do aprendiz, como prêmios, medalhas, purpurina, livros com muitas figuras e pouca escrita, e outros. (BARBOSA, 2006, p.28)
E assim é o desafio de ser professor, trazendo ao seu aluno a possibilidade de se reinventar e de criar seus próprios métodos de aprendizagem, bem como proporcionar um olhar mais humano no qual a emoção e a empatia constroem junto um sujeito capaz de olhar para si e para o outro de forma crítica, reflexiva. O educador, não pode apenas, esperar que seu educando seja um mero espectador. É necessário um professor criativo e dinâmico em sala de aula, pois os alunos estão cada vez mais curiosos e espertos, ainda mais com o avanço das tecnologias, trabalhando sempre uma educação para o olhar, um olhar diferente para as coisas que passam ao seu redor, o professor deve estar sempre atento, ensinando e aprendendo com os alunos. Não apenas, transmitir o seu conteúdo já programado, não deixando espaço para questionamentos. Por isso, o professor deve repensar sua prática pedagógica, todos os dias, fazendo com que suas aulas tornem-se um espaço de pesquisa, investigação e esforço compartilhado nos quais os alunos sejam vistos como indivíduos capazes de construir, modificar e integrar ideias, tendo a oportunidade de interagir com outras pessoas, com objetos e situações que exijam envolvimento, e dispondo de tempo para pensar e refletir a cerca de seus procedimentos, de suas aprendizagens, dos problemas que tenham de superar, construindo assim seus próprios conceitos e seus conhecimentos acerca de tudo.
Incluir um aluno autista em sala de aula requer ao professor considerar suas limitações, logo “as atividades devem ser planejadas e diferenciadas com recursos e materiais concretos e visuais, com o mesmo propósito de ensino dos outros alunos” (NASCIMENTO; NASCIMENTO; SANTOS, 2017, p. 139). Ressalta-se que o professor deve ir além das características que conhece sobre o TEA, estimulando seus alunos a vencerem seus obstáculos e ultrapassarem seus limites com o intuito de desenvolver novas aprendizagens e habilidades. Assim como em qualquer profissão, a ação docente está repleta de problemáticas, e o profissional deve ser capaz de lidar com elas, é necessário que o professor saiba com se relacionar e ter a confiança do sujeito com TEA, para que o mesmo consiga se desenvolver e aprender de maneira integral. Cabe ao professor discutir e conhecer o contexto político, econômico e social da realidade educativa para transformá-la, corroborando com a formação do sujeito. Por vezes, nos deparamos com certas situações que para resolvermos, precisamos de reflexão e pesquisa acerca do assunto, para que com os conhecimentos previamente adquiridos, possamos resolvê-los e aprendermos com eles. Assim como também, surgirão ao longo da carreira de docente, problemáticas que nos farão refletir sobre nossa maneira de ensinar, de agir e de pensar e precisamos saber lidar com essas situações. Para que consigamos resolver tais problemáticas e situações desconcertantes, a formação é essencial, e esta vem tanto da universidade como dos cursos de formação inicial e continuada, proporcionada por instituições de ensino e, por vezes, pela própria escola. Essa formação será a base inicial para uma jornada de vida de educador.
Nascimento, Nascimento e Santos potencializam o papel do professor expondo que
o desenvolvimento de crianças com o transtorno autista se dá através de estímulos externos que são: apoio físico, apoio verbal e apoio gestual. Esses auxílios são aplicados em terapias comportamentais, mas podem ser estimuladas em sala de aula com intuito de promover o desenvolvimento intelectual e autonomia da criança (2017, p. 138-139).
Contudo, é necessário que o professor busque alternativas para compreender e promover o desenvolvimento do sujeito com TEA, pois ele necessita de atenção e apoio quanto a sua aprendizagem. Essa jornada é um processo de construção contínua, exigindo, como foi mencionado anteriormente, reflexão, intervenção, dinamismo, criatividade e interação com o meio. Estas ações estão diretamente relacionadas com a disposição do professor de buscar alternativas que vão de ao encontro daquilo que a sua realidade em sala de aula mostra e necessita. Para que o aluno possa atribuir sentido às novas aprendizagens propostas, é necessária a identificação de seus conhecimentos e das suas habilidades para que seja possível estimulá-la, fazendo com que assim o sujeito se desenvolva de forma integral. Isso apenas torna-se possível com a busca por metodologias diferenciadas e através da observação aguçada do professor com seus alunos.
3 CONCLUSÃO
Em uma sociedade movida pelo capitalismo e por mudanças constantes o papel do professor em sala de aula é colocado a prova. Estar em constante mudança e indo de acordo com os interesses dos alunos, repetindo informações e dando conta de uma gama de conhecimentos a serem passados e produzidos pelos alunos torna-se questões fundamentais para a formação de um bom profissional. Para dar conta de tantas tarefas o professor necessita estar em constante aperfeiçoamento, bem como, não perder a esperança de formar bons profissionais. O processo de aprendizagem da criança é compreendido como um processo abrangente que envolve vários componentes, tais como, afetivos, cognitivos, motores, sociais, econômicos, políticos. As causas destes processos de aprendizagem e as dificuldades apresentadas pelos educandos devem ser compreendidas de maneira ampla, que envolvem variáveis que devem ser consideradas que precisam ser apreendidas com bastante cuidado pelo professor.
Pensar em uma criança com TEA é pensar em todo seu processo de aprendizagem, desenvolvimento, interações e demais processos realizados dentro e fora da sala de aula. Ter conhecimento e metodologias de ensino diferenciadas não basta para tornar o processo de inclusão algo concreto e real. É necessário que os professores tenham disposição, paciência e entendimento sobre o TEA, suas implicações nas reações do indivíduo e como ocorre a aprendizagem do mesmo. Ter o aluno em sala de aula não significa que ele esteja incluído, pois ele se torna apenas freqüentador, torna-se necessário que ele participe dos processos de aprendizagem, das relações estabelecidas e que ele aprenda a buscar o seu conhecimento. O professor, assim como para os demais, deve ser apenas o mediador, aquele que orienta o melhor caminho a ser seguido, porém o aluno que deve buscar e compreender como ele aprende e o que faz sua aprendizagem ser significativa.
Dedicação quanto ao planejamento realizado e o foco na aprendizagem do aluno tornam-se o cerne da prática docente de satisfação e aprendizagens significativas. Os alunos agregam muitos conhecimentos durante as aulas, trazendo questões do seu dia a dia para dentro da sala, questionando sobre o mundo que os rodeia e sobre a própria prática docente. É necessário que o professor busque interagir e socializar o aluno com TEA nestes momentos de trocas de experiências, fazer questionamentos e instigá-los a falar sobre seus pensamentos, seus gostos. O professor precisa ter o aluno com TEA presente em sala de aula, com o espaço para a discussão e debate que sejam relevantes para o crescimento pessoal, buscando conhecê-lo melhor, aquilo que lhe atrai e que torna sua aprendizagem significativa. Temos escolas que não são feitas para receber estes alunos, e o professor e a gestão da instituição precisam trabalhar em conjunto para que a escola seja feita para o educando com TEA, que vem de uma sociedade carente e que necessita de conhecimentos que venham a agregar aquilo que ele vive, ou seja, valorizar o conhecimento prévio, mas também acrescentar valor num novo horizonte e em um novo conhecimento, pois o mundo precisa hoje de pessoas capacitadas, atualizadas, críticas e humanas e, além disso, que acreditem no seu próprio potencial. O aluno deveria ser o sinônimo de um novo olhar sobre o mundo, pois o seu sonhar por uma nova vida ainda é utopia, na busca de novos valores, novos saberes e de uma nova escola, a qual possa ter lugar e ser pertencente, uma escola libertadora, onde possam guardar novos valores e criar novos saberes, outrora é brotar uma nova fonte de conhecimento, pois a educação de hoje é fruto para se colher no futuro. Trazer o aluno para sala de aula, não é uma tarefa fácil, pois muitas vezes o próprio aluno não quer estar ali e o aluno com TEA não encontra, muitas vezes, na sala de aula algo motivador, encantador que o faça querer aprender.
Portanto, metodologias diferenciadas e a observação tornam-se algo fundamental para conhecer os educandos e entender as maneiras com que ele aprende. A elaboração deste artigo propiciou questionamentos, investigação sobre o tema proposto e assim a busca por respostas, logo considera-se alcançados os objetivos propostos.
4 REFERÊNCIAS
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