Durante o Grande Expediente da sessão ordinária da Câmara Municipal de Soledade, realizada nesta segunda-feira, 2 de junho, vereadores de diferentes bancadas utilizaram a tribuna para expressar descontentamento com a ausência de retorno por parte do Executivo às solicitações feitas pelos edis. O assunto dominou a pauta e gerou manifestações contundentes, inclusive de parlamentares da base do governo.
O vereador Tadeu Marques Rodrigues (PT) abriu o espaço abordando a demora na resposta aos pedidos de providência. Ele destacou que suas demandas representam reivindicações da comunidade e não interesses individuais. “Volto a dizer: não é um pedido meu. É da população que mora em ruas escuras, em locais alagados, que precisa de atendimento básico. As pessoas não querem esperar, e elas têm razão em cobrar”, disse. Tadeu cobrou que o prefeito e os secretários considerem com seriedade os pedidos enviados pela Câmara e disse esperar que a administração trate com equidade todos os parlamentares, sem distinção de posicionamento político.
A vereadora Valquíria Lange (MDB) compartilhou do mesmo sentimento. Ela afirmou ter deixado de encaminhar novos pedidos porque, segundo ela, a maioria não é sequer respondida. “De que adianta encaminhar pedido de providência se eles não são atendidos? O nosso tempo também precisa ser valorizado”, comentou. Para Valquíria, os secretários são os olhos do prefeito, e cabe a eles cumprir com as atribuições que lhes foram confiadas.
Adão Dorli de Oliveira dos Santos (Progressistas) mencionou que demandas simples e antigas seguem sem retorno. “Fiz diversos pedidos para melhorias em estradas e acessos do interior, como no Passo dos Macios, Passo do Ladrão, Curuçu, e até agora não foi feito nada. A gente pede e não vê resultado. É difícil continuar assim”, lamentou.
Entre as manifestações mais duras da noite, esteve a do vereador Douglas Portela Perin (PSDB). Ele afirmou que muitos dos pedidos feitos diretamente ao gabinete do prefeito não chegam aos secretários e que há uma barreira política entre os encaminhamentos e a execução. “Existe um ruído. E esse ruído tem nome. Há alguém se beneficiando politicamente com o boicote aos vereadores”, apontou.
Douglas reforçou que, como vereador da base aliada, esperava ter seus pedidos ao menos considerados, mas relatou que isso não tem acontecido. “Eu sou da situação. E mesmo assim, muitos dos meus pedidos param no gabinete e não seguem adiante. Isso é grave. O vereador não foi eleito para servir de enfeite. Foi eleito para legislar, fiscalizar e representar a população”, declarou.
O vereador defendeu que, caso a situação continue, a postura adotada pelos parlamentares será ajustada. “Se isso não mudar, a fala vai subir de tom. Não estamos aqui para chancelar decisões do Executivo, mas para representar o povo que nos confiou o voto”, completou.
Outro vereador que fez duras críticas foi Edivaldo da Silva dos Santos (MDB), também integrante da base governista. Ele disse que a situação atual é insustentável e que os vereadores não podem ser ignorados nas suas atribuições. “O vereador foi eleito para legislar. Não é para assumir secretaria nem gabinete. Quando isso acontece, cria-se um desequilíbrio, e quem perde é a comunidade”, alertou.
Edivaldo apontou que há uma concentração de decisões e que somente um grupo restrito dentro do governo tem seus pedidos atendidos. “Há inúmeras demandas que protocolamos com base nas necessidades reais dos bairros e comunidades. A população nos procura, a gente formaliza os pedidos, mas não tem retorno. Enquanto isso, alguns poucos têm suas solicitações sempre atendidas”, criticou.
O vereador sugeriu que o prefeito reúna todos os vereadores, independentemente de partido, para tratar do assunto de forma conjunta com os secretários. “Se for preciso fazer uma reunião com todos, vamos fazer. Mas precisa haver diálogo. Não é mais possível continuar assim”, acrescentou.
Gustavo Luis Baldissera (PL) afirmou que o Legislativo não pode ser ignorado. “O povo cobra de nós. Não estamos sozinhos na cobrança. Hoje ficou claro que a insatisfação é generalizada”, observou. Ele também defendeu que as emendas parlamentares sejam utilizadas como instrumento de efetivação do trabalho dos vereadores.
Gustavo Sartori de Moraes (Progressistas) também se posicionou. “Estamos com seis meses de mandato e não conseguimos nem uma parada de ônibus instalada. Estamos pedindo, mas os pedidos não andam. Não adianta apenas protocolar, é preciso executar”, reforçou.
João Pedro Carvalho da Silva (Republicanos), por sua vez, disse que os vereadores não podem ser tratados de forma secundária. “As pessoas não procuram o prefeito. Elas procuram o vereador. E a gente precisa ter respaldo para poder ajudar”, pontuou.
Josino Portella (MDB), líder do governo na Câmara, reconheceu o cenário descrito pelos colegas. “Há sim uma insatisfação, inclusive da base. Precisamos de uma reunião ampla, com os secretários, para alinhar o trabalho. Os vereadores são representantes da população e precisam ser respeitados”, enfatizou.
O presidente do Legislativo, Diego Vidaletti Silva (Progressistas), também se manifestou sobre o tema ao final da sessão. Ele reconheceu que há um ruído na comunicação entre os pedidos feitos pelos vereadores e a efetiva execução por parte do Executivo. “As pessoas nos solicitam. Cabe a nós mostrar esses pedidos, porque é o nosso dever. Não é uma questão de situação ou oposição. Continuo sendo base, acredito nessa gestão, mas precisamos dar respostas para a população”, comentou.
Diego reforçou que a cobrança é legítima e faz parte da responsabilidade dos parlamentares em representar os interesses da comunidade. “Usar esse microfone é a forma que temos de repercutir o que é falado nas ruas. É um processo que precisa se organizar. O vereador precisa ser ouvido, independentemente de alinhamento político”, finalizou.