Padrinho e embaixador do Fórum Multissetorial Botucaraí 2025, César Luiz Saut abordou, em sua participação, fundamentos de longo prazo para desenvolvimento econômico, com foco no papel do seguro de pessoas, na cooperação entre instituições e no uso responsável do tempo e dos talentos.
Vice-presidente corporativo da Icatu Seguros, Saut contextualizou a atuação do grupo: companhia 100% brasileira, 14 milhões de clientes ativos e cerca de R$60 bilhões sob administração. Segundo ele, somente na Região Sul, a empresa pagou R$12 bilhões em indenizações nos últimos cinco anos, mantém 4,3 milhões de seguros ativos e paga, em média, 200 indenizações por dia. “Eu não sou segurador de carro, sou segurador de vida; trabalho com o ciclo de vida”, disse, ao explicar a natureza do produto e seu impacto social.
Saut relatou a joint venture com o Banrisul que originou a Rio Grande Seguros e Previdência. O acordo começou com aporte de R$180 milhões pela Icatu, sem recursos do banco, e hoje representa cerca de 20% das receitas recorrentes do Banrisul, com valor de mercado estimado entre R$1 bilhão e R$1,8 bilhão e faturamento de R$3,5 bilhões no último ano. “Foi possível porque propósito esteve no centro, com capital e tecnologia de um lado e relacionamento do outro”, afirmou. Ele citou ainda o interesse em novas parcerias com o cooperativismo, defendendo modelos de mutualismo organizado para ampliar escala e produtividade.
Ao tratar de ambiente macroeconômico, Saut comparou renda per capita e penetração de seguros para evidenciar gargalos de desenvolvimento: “Não é apenas problema de produto; é renda e produtividade.” Mencionou indicadores de endividamento das famílias e benefícios sociais como fatores que exigem políticas de educação e empreendedorismo, além de colaboração entre empresas e poder público. “As organizações precisam somar, não dividir”, pontuou, ao defender alianças entre setores.
O executivo dedicou parte da fala a conceitos de gestão e cultura organizacional. Defendeu que propósito, lucro e poder coexistem nas motivações humanas, mas que só o propósito sustenta legado de longo prazo. Sobre tecnologia e mudanças setoriais, afirmou que a disrupção verdadeira combina processo, produto e preço, e que modelos digitais precisarão entregar maior valor com menor custo. “Ou o empreendimento entrega qualidade, velocidade, eficiência e menor custo, ou sucumbe”, disse, ao citar o avanço da inteligência artificial e a necessidade de organismos empresariais integrados, em oposição a estruturas cartesianas.
Em tom pessoal, Saut usou referências filosóficas para discutir finitude, tempo e responsabilidade individual. “Tempo é o ativo definidor de tudo. O que se ganha ou se perde depende de como se aloca o tempo”, afirmou. Revisitou o mito de Sísifo para sustentar que propósito diário dá sentido à trajetória e evocou a noção hebraica de mataná (presente) como combinação de dias, dons e talentos colocados a serviço da sociedade. “Não interessa o que a vida faz de nós, interessa o que fazemos com os desafios”, concluiu, reforçando que educação, empreendedorismo e cooperação são os vetores para transformar potencial em resultados na região.
O Fórum Multissetorial Botucaraí 2025 é uma realização da Aprosol – Associação Pró-Desenvolvimento do Município de Soledade, com patrocínio de Sicredi, Icatu Coopera, Cotrijal, Vibra Foods, ForZ, Farmácias São João, BRDE, Sindipedras, Basso Pancotte, Cerfox, AGDB, Condasb e Casa Blanca Hotel, e apoio de ACIS, CDL Soledade, Prefeitura de Soledade e Banrisul.