Mães de crianças com Síndrome de Down realizam campanha visando a inclusão

Fran Ferreira / Divulgação
Fran Ferreira / Divulgação

Buscar com que a sociedade entenda que os portadores de Síndrome de Down não podem ser tratados como diferentes dos demais e que devem ser aceitos e incluídos na comunidade. Foi ao perceber esta barreira que as mães de Valentina de Fátima Silveira Freitas, de 4 anos, e Inácio Klein de Ramos, de 3 anos, tiveram a iniciativa de criar uma campanha trazendo o assunto a tona.

De acordo com Fabiane Macedo Silveira, a ideia surgiu ainda no ano passado, porém acabou não dando muito certo. “Não desisti, e neste ano convidei a Silvana, mãe do Inácio, para fazermos esta movimentação, já que no dia 21 de março se comemora o Dia Internacional da Síndrome de Down, e fizemos 26 cartazes com ajuda de alguns apoiadores e espalhamos pela cidade”, comenta.

Ela relata que pensou em criar esta consciência após ter uma experiência desagradável. “Já passei por rejeições na nossa cidade onde procurei uma tarde para socialização da Valentina com as crianças no meu bairro e ela não foi aceita. Foi então que veio a vontade de fazer esta divulgação com as imagens dos nossos pequenos, enfatizando a inclusão social”, assinala.

Silvana Ferreira Klein pontua que muitas pessoas veem os portadores de Síndrome de Down como doentes. “Isso não é verdade, em razão disso queremos fazer entender a diferença entre deficiência e uma condição, que é o que nossos filhos têm. São crianças especiais em função da sua condição, mas isto não impede que tenham direitos como qualquer outro”, acrescenta.

A mãe do Inácio pontua ainda que a campanha quer que as pessoas entendam mais sobre a Síndrome de Down. “Que saibam que são crianças normais, apenas uma condição diferente de todos, porém que podem fazer tudo que querem, entre eles, brincar, estudar, e quando adultos também trabalhar”, completa.

Conheça a história de cada um

Valentina atualmente tem 4 anos e 4 meses, e além da Síndrome de Down, aos 5 meses de vida também foi diagnosticada com Síndrome de West. Ela é filha caçula do casal Valdomiro da Silva Freitas e Fabiane Macedo Silveira, e tem outros três irmãos: Dionatan Silveira Freitas, 26 anos, Katianne de Fátima Silveira de Freitas, 23 anos, e Katrielle de Fátima Silveira de Freitas, de 21 anos.

A mãe relata que lembra como se fosse ontem o dia 12 de novembro de 2016, quando recebeu a notícia que sua filha era portadora da síndrome. “Isso fez mudar o rumo da história e principalmente para nos mostrar que quem comanda tudo é Deus. No início foi um choque, aquela preocupação de todas as doenças que ela poderia ter principalmente o coraçãozinho”, assinala.

Ela conta que os dias foram passando e a angustia começou a passar. “Procurei a Apae de Soledade onde obtive o maior apoio e encontrei forças para lutar todos os dias com a Valentina. Ela já fez cirurgia no coração, e atualmente faz fisioterapia, terapia ocupacional, estimulação, entre várias consultas com médico pediatra e fonoaudióloga”, informa.

Fabiane completa dizendo que os dias são incansáveis e de esperança. “Mas hoje nossa luta diária é o preconceito. As pessoas denominam crianças com Síndrome de Down como coitadinhas, mas, na verdade, elas transbordam amor, são as crianças/pessoas com o coração mais puro que existe”, garante.

Por fim, ela diz que o dia 21 de março tem sido o segundo aniversário do ano da Valentina. “Neste dia queremos que os direitos dessas pessoas valham, que sejam tratadas como tal. Também é motivo de comemorar a luta pela vida, a vontade de viver e de estar no mundo pra transmitir o bem e o amor. Soubemos que o preconceito sempre vai existir e estaremos sempre a frente para lutar pelos direitos dessas pessoas”, conclui.

Inácio tem 3 anos e 4 meses e é filho de Silvana Ferreira Klein e João Inácio de Ramos, tem um irmão, Carlos Roberto Klein da Silva, de 23 anos. Sua mãe comenta que ele é uma criança muito esperta e inteligente, apesar das dificuldades. “Tem um atraso, é um pouco mais lento que as outras crianças. É como nós, uns se desenvolvem em algumas coisas e em outras não, cada um tem uma maneira de aprender”, garante.

Silvana finaliza dizendo que quando tiveram a notícia que seu filho tinha Síndrome de Down, apesar de não saber direito do que se tratava ,não ficaram assustados. “Pelo contrário, nosso amor pelo Inácio somente aumentou”, conclui.