Soledadense que vive em Manaus conta como se recuperou da Covid-19

Foto: Arquivo Pessoal
Foto: Arquivo Pessoal

Manaus tem ganhado destaque em virtude do caos vivido pelos moradores em razão do rápido contágio pelo novo coronavírus. A soledadense Júlia Guerra Falabretti, de 30 anos, que desde o início do ano está morando na Capital do Amazonas, recentemente teve o diagnóstico positivo para o Covid-19.

Ela conta que começou a sentir-se mal na noite do dia 21/4, dois dias após seu marido apresentar os sintomas. “Acordei com uma dor latejante em todas as articulações do corpo, dos dedos dos pés aos das mãos, doía para movimentá-los. Uma dor forte no peito e no meio das costas, dor na garganta e no fundo dos olhos, a ponto de ter dificuldade de olhar para o lado”, relata.

Completa dizendo que teve dor forte de cabeça, acompanhada de febre. “Espirrava esporadicamente e não tive tosse. Perdi o olfato lá pelo quarto dia de sintoma e tive duas crises de falta de ar, mas que, com calma e respirando lentamente, consegui reverter”, acrescenta.


Júlia foi até o hospital do exército, uma vez que seu marido é militar, onde tem uma ala específica para atender pessoas com sintomas respiratórios. “Lá fizeram uma anamnese muito breve, perguntando o que eu sentia, fiz uma tomografia que não apresentou danos nos pulmões. Indicaram um remédio para febre e dor e posteriormente fui liberada”, assinala.

Ela explica que é dado atenção maior àquelas pessoas que chegam com saturação alterada e comprometimento pulmonar. “Do contrário, a conduta é como foi comigo, mandam para casa, recomendam descanso, muita água e antitérmico”, destaca.

Júlia fez o exame chamado RT-PCR, que é realizado por um laboratório particular de Manaus. “Tomei essa decisão até para não ser uma transmissora, caso eu estivesse contaminada. Para fazê-lo, você agenda por um aplicativo e vai para uma espécie de drive thru, onde realizam a coleta e após 4 dias aproximadamente você recebe o resultado”, observa.

Ao comentar como foi seus cuidados em casa, relata que dormiu muito. “Não tinha forças para fazer muita coisa, me sentia muito fraca e indisposta. Tomei muita água e dipirona, uma vez que não foi prescrito nada específico para o tratamento da Covid-19. Não havia muito o que fazer, torcia apenas para passar logo. Tinha calafrios constantes, uma sensibilidade muito forte a todos os estímulos, até o toque da coberta pra dormir me incomodava”, conta.

Ela diz que ficou com os sintomas por aproximadamente uma semana, até conseguir, por exemplo, mexer no celular, limpar a casa e sentir-se disposta de fato. Porém permanece em isolamento domiciliar, e mesmo sem sentir nenhuma dor, tem conversado pela internet com algumas amigas médicas, que tem passado orientações.

Júlia tem aguardado em casa o período que é indicado para não transmitir a ninguém. “A princípio esse tempo já passou, mas só terei confirmação que o vírus não está mais ativo se fizer um exame de sangue, que devo realizar nas próximas semanas. É necessário esperar alguns dias após os sintomas para saber se criei anticorpos contra o Covid-19”, salienta.

Acrescenta que este exame vai indicar se ela corre o risco de ser infectada novamente. “Existem pouquíssimos estudos, ainda não há dados que comprovem se podemos ser contagiados mais de uma vez ou não, por isso, todo cuidado é pouco”, completa.

Júlia aproveita para deixar um recado aos seus conterrâneos. “Como soledadense me sinto na obrigação de alertar familiares e amigos, como também toda população da nossa cidade, de que o vírus existe e não é brincadeira. Eu nunca havia sentido algo igual, e de fato não desejo que nenhum de vocês passem por isso”, pontua.

Também faz um alerta para que todos tomem cuidado e protejam-se. “Usem máscara, álcool gel e lavem sempre as mãos. É uma situação nova para todos, mas podemos nos adaptar e juntos passarmos por isso. Cuide de você e de quem está a sua volta também. A frase “a união faz a força” nunca fez tanto sentido, por isso, cuidem-se”, conclui.

Júlia Guerra Falabretti atualmente é Quiropraxista, especialista em coluna vertebral, e em Manaus abriu a sua segunda clínica. Ela foi morar na Capital do Amazonas em razão que seu marido, que é capitão do exército, ser transferido para lá. “Essas mudanças são comuns na profissão, ficaremos por dois anos aqui, a princípio”, relata.

Em 2020 vai completar 16 anos que Júlia foi embora de Soledade. “Já faz mais tempo que sai da nossa terra, do que de fato eu estive morando ai. Nesses anos morei em Curitiba, Porto Alegre, Novo Hamburgo, São Paulo, Goiânia, Rio de Janeiro e agora Manaus, ora trabalhando como modelo, ora estudando, ora atendendo, mas sempre em busca dos meus sonhos”, finaliza.