Mais de um milhão de gaúchos estão invisíveis para o Governo

De cima para baixo: Rodrigo Sousa Costa, Eduardo Trindade, Luis Lamb e Rafael Goelzer. (FOTO: REPRODUÇÃO/FACEBOOK/FEDERASUL)
De cima para baixo: Rodrigo Sousa Costa, Eduardo Trindade, Luis Lamb e Rafael Goelzer. (FOTO: REPRODUÇÃO/FACEBOOK/FEDERASUL)

Mais de 1 milhão de gaúchos, dos setores mais prejudicados pela pandemia, como o das escolas profissionalizantes, do turismo e da gastronomia permanecem proibidos de trabalhar nos decretos do Governo. Eles não promovem aglomeração e não são causa de aumento do contágio. A FEDERASUL espera que suas atuações de baixo risco sejam reavaliadas na reunião do Gabinete de Crise, desta quinta (08). “Estes segmentos estão em lockdown há 40 dias, conforme definiu o diretor da Quinta da Estância, Rafael Goelzer, um dos convidados do Tá na Mesa, desta quarta (07). Ele, juntamente com secretário Estadual de Inovação, Ciência e Tecnologia, Luis Lamb e o vice-presidente do Conselho Estadual de Medicina, Eduardo Trindade, falaram sobre os impactos da pandemia no Estado.

A urgência na reavaliação sobre a atuação dos três setores é para evitar o fechamento das empresas que estão sofrendo uma verdadeira hemorragia. “Precisamos fazer com que estes segmentos, de baixo risco, voltem a trabalhar, mesmo que minimamente, para impedir uma convulsão social decorrente do aumento do desemprego”, enfatizou o vice-presidente da FEDERASUL, Rodrigo Sousa Costa, que conduziu o debate do Tá na Mesa. “Queremos um olhar diferenciado sobre os 1 milhão de gaúchos”, disse Rodrigo.

Sem apontar culpados os três convidados da FEDERASUL detalharam, com números e exemplos, os efeitos da pandemia a partir das medidas de controle sobre sua disseminação. Economia e saúde podem conviver, disse o diretor da Quinta da Estância que mostrou, a partir de análise dos picos da doença, que a contaminação veio com as aglomerações e não das atividades econômicas.

“As medidas de fechamento do setor de turismo, por exemplo, já provocam uma queda de 59% no faturamento, no comércio de 33% (com a proibição de trabalhar nos finais de semana) e no de serviços, de 20%”, enfatizou Rafael Goelzer. Se nada for alterado, lembrou, “60% das empresas dos segmentos não vão sobreviver”. Na verdade, disse o diretor da Quinta da Estância, “a conta chegou para o destinatário errado”.

O saldo da pandemia no RS (PIB caiu mais de 7% e fechamento de cerca de 100 mil empresas) mostra que também no setor da saúde a situação é preocupante. “200 mil diagnósticos de câncer deixaram de serem feitos”, enumerou o vice-presidente do CREMERS. “Quando forem diagnosticados impactarão todo o sistema”. Eduardo Trindade exemplificou que muitos deles tiveram que cancelar o plano de saúde por causa do desemprego e acabarão pressionando o SUS, ocasionando uma terceira onda de pressão sobre o sistema de atendimento e de hospitalizações”.

Já, o secretário Estadual de Inovação, Ciência e Tecnologia, Luis Lamb, explicou como funciona o Comitê Científico do Governo lembrando que o modelo busca permitir um alerta com as bandeiras de risco a partir de indicadores e pede ações para serem tomadas. “A prioridade é a vida com a retomada econômica”, disse, enfatizando que “não existe setor empresarial responsável pela pandemia”.

Ele reconheceu, no entanto, assim como nos outros países, talvez o Brasil tivesse que ter aberto as escolas, em primeiro lugar. “Os prejuízos econômicos e sociais na educação, ainda são incalculáveis”, concluiu.