PF investiga corrupção em aquisição de materiais médico-hospitalares em Passo Fundo

Mateus Miotto/Rádio Uirapuru
Mateus Miotto/Rádio Uirapuru

A Polícia Federal deflagrou, na manhã de quinta-feira (13), a Operação Círculo de Willis, que investiga crimes de corrupção e sonegação tributária a partir do fornecimento de materiais médico-hospitalares para realização de cirurgias através do Sistema Único de Saúde (SUS) em hospitais de Passo Fundo.

Participam da execução da operação, 80 policiais federais que cumprem 17 mandados de busca e apreensão nos municípios de Passo Fundo e Porto Alegre, Florianópolis e Lages (SC), e em São Paulo (SP).

De acordo com a PF, a investigação teve início em 2019 a partir de informações coletadas na Operação Efeito Colateral (2018) e apurou a relação ilícita de médicos com empresas fornecedoras de materiais hospitalares mediante o recebimento de valores pelo direcionamento do uso de produtos das empresas investigadas em procedimentos neurocirúrgicos, majoritariamente realizados através do SUS.

Comissões

Os agentes apuraram que as comissões pagas aos investigados variavam entre 20 e 25% dos valores dos produtos utilizados nas cirurgias.

Em 2013, um dos médicos investigados teria realizado 84 procedimentos cirúrgicos com materiais fornecidos pela empresa ao custo aproximado de R$ 1,4 milhão e recebido R$ 284 mil.

Desse valor, R$ 190 mil seriam dos procedimentos realizados através do SUS. A estimativa é de que, no período de 2013 a 2018, esse investigado teria recebido indevidamente R$ 1,5 milhão, considerando apenas os procedimentos realizados através da rede pública.

Diligências indicaram que parte dos valores eram entregues em envelopes, de forma dissimulada, durante eventos médicos realizados no Brasil, sem a devida declaração ao Fisco.

A Polícia Federal também identificou que o principal investigado teria se tornado sócio oculto de uma fornecedora de molas (stent neurológico) nacionais.

A aquisição desses materiais pelo hospital em que atuava também era submetida a sua influência.

Outra fraude investigada diz respeito a estudo sobre eficiência da mola nacional, utilizada pelo principal investigado em cirurgias pelo SUS.

O médico teria celebrado acordo comercial com empresa privada para elaborar um estudo clínico que apontaria a eficácia da mola nacional comercializada por ele, porém, em razão de desacordo comercial, o médico deliberadamente alterou o resultado do estudo, passando a apontar que o produto apresentava complicações superiores a 90%.

Nome da operação

Círculo de Willis é um conjunto de artérias que suprem o cérebro, dando origem ao nome da operação, pois se relaciona com materiais utilizados em neurocirurgias. Os crimes investigados na Operação Círculo de Willis são corrupção passiva, corrupção ativa e sonegação tributária.

*Informações Polícia Federal