Família espera mais de 24 horas para velar vítima de latrocínio que aconteceu em Tio Hugo

A família de Ana Kelen de Oliveira Ortiz, de 39 anos, teve que esperar mais de 24 horas para poder velar a vítima de um latrocínio ocorrido na cidade de Tio Hugo, no norte do Rio Grande do Sul. O corpo percorreu quase 200 km até ser liberado para o velório em Soledade. A vítima foi morta a tiros na terça-feira, dia 21 de fevereiro.

De acordo com o Instituto Geral de Perícias (IGP), o corpo de Ana Kelen foi liberado por volta das 14h de terça-feira e apresentado pela funerária ao posto médico legal de Soledade após o seu fechamento, que opera até as 21h. Com isso, ela foi levada para Carazinho, onde passou por necropsia e só foi liberada para a família por volta das 11h de quarta-feira (22).

A demora na liberação dos corpos e o deslocamento para municípios distantes tem se tornado cada vez mais comum, segundo o presidente do Sindicato dos Estabelecimentos Funerários do Rio Grande do Sul (Sesf-RS), Valdir Gomes Machado. Uma das explicações é a carência de médicos legistas, já que a região Norte, por exemplo, é atendida por apenas 10 peritos médico-legistas.

Além disso, o sindicato também relatou que o atraso na liberação dos documentos necessários para solicitação da necropsia foi um dos motivos que contribuíram para a demora no caso de Ana Kelen. A equipe da funerária precisou ir à delegacia de polícia para solicitar o boletim de ocorrência e o ofício de encaminhamento para necropsia, documentos que só foram disponibilizados pouco depois das 20h.

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O presidente do Sesf-RS tem cobrado melhorias no setor junto ao governo e pede prioridade no assunto, pois a falta de profissionais e a falta de unidades médico-legais em muitas cidades têm causado transtornos para as famílias em luto, que mal conseguem se despedir dos seus entes queridos. O serviço de remoção e translado dos corpos no interior do Estado é de responsabilidade das funerárias conveniadas desde 2000 e é gratuito para as famílias.

O delegado da Polícia Civil de Carazinho e responsável pela investigação, José Bastos, afirmou que todos os procedimentos foram realizados dentro do tempo previsto e que, por se tratar de um caso complexo, todo o trabalho de reconhecimento, isolamento do local, averiguação, investigação e perícia é feito com o maior rigor possível.

Para a família de Ana Kelen, no entanto, a demora na liberação do corpo foi uma experiência dolorosa e que nunca será esquecida. “Isso não tem explicação. O corpo saiu aqui de Tio Hugo era 13h, passou por três cidades a gente ficava sem saber o que estava acontecendo. É uma pouca vergonha”, desabafa Daniel Ferreira Baumgadatd, neto da vítima.