ARTIGO: O desenvolvimento da criança através do lúdico na educação infantil e nas séries iniciais do ensino fundamental

Autor[1], Dani de Andrade e Silva

RESUMO- O presente trabalho tem como objetivo pesquisar e identificar a importância do uso do lúdico como ferramenta pedagógica no desenvolvimento da criança na educação infantil e nas séries iniciais do ensino fundamental. Identificando formas em que a ludicidade na educação possa contribuir para o desenvolvimento da criança, no meio escolar, na interação e na construção de novos conhecimentos. A busca em pesquisas e à literatura foi de suma importância para alcançar os objetivos propostos, por isso foi realizado uma pesquisa qualitativa e bibliográfica. Os diversos autores relatam sobre a prática de jogos e brincadeiras como ferramenta pedagógica no processo de construção da aprendizagem e a importância do uso do lúdico como ferramenta facilitadora de ensino aprendizagem aos alunos, tornando as aulas mais atrativas e diferenciadas. Concluiu-se que ao utilizar o lúdico na escola relacionando seu uso a favor da educação, os jogos e brincadeiras, através da criatividade, imaginação e desenvolvimento cognitivo e motor auxilia muito na construção e busca por conhecimentos, ampliando novos horizontes, facilitando o crescimento educacional das crianças, e disponibilizando de aulas mais interessantes, atrativas e proveitosas.

 PALAVRAS-CHAVE: Lúdico. Educação Infantil. Ensino aprendizagem. Ferramenta.

1 INTRODUÇÃO

Este artigo apresenta diversas reflexões entres diferentes autores á fim de chegar à concepção do que o lúdico proporciona e estimula na vida dos alunos, enquanto alunos da educação infantil e séries iniciais do ensino fundamental. Entende-se que o lúdico pode colaborar e facilitar a prática das aulas, através de seus meios como jogos, brincadeiras e atividades recreativas como forma prazerosa no processo de educação.

Trazendo a necessidade de educadores em compreender a importância do lúdico na vida escolar dos alunos, entre a transição da educação infantil para a alfabetização. Momento esse de grande desenvolvimento, descobertas, interesses, dúvidas e emoções na vida de cada criança. É um marco importante na vida estudantil dos alunos. Pois nessa fase ela saí de uma zona diferente, mas que complementa a rotina estudantil ao decorrer dos anos. Portanto é na educação infantil que a criança se insere no meio escolar, cria laços com outras crianças, professores, funcionários e ambiente com rotinas em coletivo. É a partida inicial de uma caminhada de aprendizados que se retrata por uma longa trilha do conhecimento.

Na fase que a criança está na educação infantil, ela mais ensina do que se aprende. Nesse momento que a escola deve analisar e acompanhar o aluno, estimulando suas habilidades, auxiliando suas dificuldades e avaliando toda sua rotina. Entretanto é nos primeiros momentos de vida e integração que a criança pode divulgar suas habilidades e interesses, demonstrando também onde ela necessita de avaliação.

Quando a criança passa para a alfabetização, ela está inserindo a outra etapa da vida escolar, onde o lúdico começa a se tornar práticas e tudo aquilo que na primeira infância foi abordado, agora ela começa a compreender o mundo com um olhar mais avançado. A evolução é constante, mas todo o suporte no ambiente escolar deve ser oferecido, assim como apoio familiar.

Para o trabalho se aprofundar no tema proposto foi através de fontes bibliográficas, que foram necessários balizar diversos argumentos entre os autores citados ao longo do trabalho. Segundo esses autores, apresentam o lúdico como ferramenta importante no processo de ensino aprendizagem para alunos da educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental. Sendo que o lúdico em sala de aula contribui de forma positiva para o rendimento das aulas e desenvolvimento das crianças. Onde o mesmo ainda precisa ser explorado na sala de aula entre o ensinar e aprender.

2 A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO NA UTILIZAÇÃO DE JOGOS E BRINCADEIRAS

Toda criança tem direito a educação, e educação de qualidade que prioriza não somente o aprendizado intelectual, como seu bem estar, saúde e emocional, conforme Pinto (2009),

o direito à educação infantil foi incorporado tardiamente na legislação brasileira, constituindo-se como um marco na área o inciso IV do art.208 da Constituição Federal, o qual determina que “o dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de […] IV- atendimento em creche e pré-escola a crianças de zero a seis anos de idade”. Portanto, a partir de 1998, a educação infantil passa a ser um direito dos pais e um dever do Estado. (Pinto, 2009. Pág. 121).

Assim fica garantido o acesso a toda criança na educação infantil desde a creche até a pré-escola, de forma gratuita em qualquer instituição de ensino de forma pública. Prevendo trazer meios de garantir uma educação de qualidade com deveres e direitos as crianças. A educação infantil se caracteriza em dois espaços a creche e a pré-escola, seguindo para a alfabetização.

O lúdico como ferramenta pedagógica de ensino aprendizagem na pré-escola e alfabetização é de suma importância para o desenvolvimento dos alunos, em aspectos psicomotores e cognitivo.

A ludicidade é um dos principais eixos norteadores do processo de ensino aprendizagem, entre brincadeiras, o jogo e o brinquedo, enfim as atividades lúdicas, devem sempre fazer parte como recursos didáticos no processo educacional, principalmente na educação infantil e séries iniciais do ensino fundamental. Compreender que o universo lúdico se torna imprescindível no desenvolvimento do trabalho pedagógico.

As preocupações relacionadas á educação existem de muitos tempos, principalmente quando se trata de ensinar e aprender. Ensinar deve envolver os alunos, com entusiasmo a compreender o tema e buscar conhecimento de forma própria com domínio e clareza.

Na educação o conceito de lúdico é referido a jogos, brincadeiras, atividades onde a fantasia, imaginação e criatividade são os instrumentos educacionais. A ludicidade é presente em todas etapas de ensino, estando presente com maior frequência na educação infantil, mas em qualquer fase de ensino seu objetivo é o mesmo, entreter e trazer divertimento ao todo.

Aguiar (2002) nos auxilia a direcionar o olhar para épocas passadas nas quais o jogo já era visto por vários estudiosos como uma atividade bastante rica, no sentido de apontar possibilidades pedagógicas.

A utilização do jogo já era evidenciada como ferramenta importante e auxiliar na educação dos alunos de diversas idades.

Conforme Platão (347 a.C.), dezenas de séculos atrás, já prescrevia que os primeiros anos das crianças deveriam ser ocupados com jogos educativos, sendo que ele mesmo ensinava matemática às crianças em forma de jogo.

Acredita-se que as crianças aprendem através do brincar, podendo aperfeiçoar sua personalidade, enriquecida pela brincadeira e estimulação da criatividade. Entretanto a função do professor nesse processo de ensino é fornecer os recursos e materiais para os jogos e brincadeiras.

Ainda com Aguiar (Aguiar, 2002, p. 36-42) podemos deduzir que a valorização do jogo no processo educativo das crianças continua sendo evidenciada pelos educadores contemporâneos.

[…]Jacquin (1963), enfatiza que o jogo tem sobre a criança o poder de um excitador universal. Explicita que o jogo facilita tanto no progresso de cada uma de suas funções psicológicas, intelectuais e morais. Divergindo da consideração de que as atividades lúdicas podem contribuir para o desenvolvimento intelectual da criança. […] Piaget (1962 e 1976) diz que a atividade lúdica é o berço obrigatório das atividades intelectuais da criança, sendo por isso, indispensável à prática educativa. […] Vygotsky (1989a) diz que é enorme a influência do brinquedo no desenvolvimento da criança. No brinquedo a criança cria e expressa uma situação imaginária. […] Para Vygotsky, no brinquedo a criança proteja-se nas atividades adultas de sua cultura e ensaia seus futuros papeis e valores.

As atividades lúdicas auxiliam no processo de ensino aprendizagem, envolvendo os alunos e trazendo forma diferentes de se trabalhar com lazer, distração e trabalho em grupo. Os jogos estimulam os alunos a pensar, raciocinar e se envolver com os demais, desenvolvendo o bom humor, a imaginação, atenção e aspectos motores e psicomotores.

Freire (1989) dá sua contribuição para o aprofundamento dessa questão, apontando concepções diferenciadas no processo educativo da criança, evidenciando a importância de ela vivenciar tudo que aprende na escola. Destacando que entre as atividades de colorir, recortar, desenhar, escrever, podem ser trabalhados nesse contexto jogos motores, associando a tarefa da escola com as características da criança.

Marinho, Junior, Filho e Fink (2012, p.84-85), questionam:

O professor enquanto mediador de ensino, na educação infantil e nas séries iniciais do ensino fundamental, deve considerar algumas reflexões iniciais antes da aplicação do planejamento, sendo elas necessárias como: Por que as crianças brincam? Será que brincar é coisa só de criança? É possível brincar ensinando ou é possível ensinar brincando? Há tempo para brincar e tempo para estudar? Brincadeira é coisa séria?

O educador deve analisar e refletir diante essas questões e a realidade escolar e como encontra-se a sua turma, para prover de uma boa prática pedagógica. A ludicidade deve ser um eixo norteador principal como base de ensino aprendizagem, possibilitando várias estratégias desafiadoras. Fazer com que a criança esteja motivada a aprender, tendo prazer em descobrir.

Toda brincadeira é uma imitação transformada. No ato de brincar, os gestos, sinais e objetos valem e tem um significado diferente daquele que aparentam ter.

O lúdico na alfabetização enriquece o vocabulário, aumenta o raciocínio lógico, levando a criança a se desenvolver positivamente. Desta forma a criança se alfabetiza de maneira divertida, dinâmica e prazerosa. Através de brincadeiras e de jogos que auxiliam no desenvolvimento da sociabilidade, da linguagem, da coordenação motora, da noção espacial e corporal.

Podemos afirmar que a brincadeira é algo muito sério e fundamental na educação. Brincando a criança se organiza e constrói, adquiri conhecimentos próprios e conceitos, consegue relacionar ideias, estabelecer relações lógicas, reforça as habilidades sociais e reduz a agressividade.

É importante a escola estabelecer condições, espaços e materiais que possibilite a execução de projetos e planejamentos que privilegiem a ludicidade. Sendo importante que na escola o tempo livre, ou seja, no recreio seja valorizada essa prática, para que os alunos se integralizem e socializem.

Sobre a ludicidade na educação, Rau (2007, p.32) afirma que “o pressuposto é de que uma prática pedagógica proporcione alegria aos alunos durante o processo de ensino aprendizagem. Ou seja, um processo de levar o lúdico a sério, proporcionando o aprender pelo jogo, logo aprender brincando”.

O uso de jogos e brincadeiras como recurso pedagógico possibilita a significação de conceitos para as crianças, por ser um dos únicos recursos que trabalha com diferentes tipos de linguagem ao mesmo tempo. Áreas como a pedagogia e a psicopedagogia destacam a importância do desenvolvimento das linguagens infantis nos primeiros anos de vida escolar. (RAU, 2012).

Grande parte dos educadores já conhece a ligação entre o brincar e algumas práticas específicas que envolvem na sala de aula, e o quão grande valia elas são para a educação infantil e séries iniciais do ensino fundamental. Trazemos algumas sugestões e análises fundamentais para a inserção dessa prática nos planos de aula:

  • Sempre perguntar as crianças que brincadeiras elas conhecem e quais participam dentro e fora da escola;
  • Montar painéis, livros de histórias, textos coletivos;
  • Confeccionar fantasias, fantoches, brinquedos;
  • Participar de roda de conversas e contação de histórias com imaginação e uso da criatividade;
  • Ensinar danças folclóricas tradicionais, regionais, internacionais, levantando informações;
  • Ensinar jogos com regras simples, onde todos possam participar e compreender;
  • Montar circuitos motores, jogos de faz de conta, saltos, arremessos…

Bassedas, Huguet e Solé (1999, p.24) salientam os conceitos de Vygotsky ao abordarem as relações entre a aprendizagem e o desenvolvimento. A partir dos estudos vygotskyanos, as autoras destacam que:

A aprendizagem facilita e promove o desenvolvimento através da criação de ‘zonas de desenvolvimento potencial’ as quais definem a distância entre o nível atual de desenvolvimento, determinado pela capacidade de resolver independentemente um problema, e o nível de desenvolvimento potencial determinado através da resolução de um problema sob a orientação de uma pessoa adulta ou com a elaboração de um companheiro mais capaz.

Ainda sobre o tema, as autoras apontam que, no processo de educação voltado as crianças pequenas, pais e professores tem e precisam manter um vínculo que reforça o papel fundamental na educação das crianças, para que progridam sucessivamente tanto na educação infantil, quanto nas séries iniciais do ensino fundamental.

3 CONCLUSÃO

A educação está sempre em grande evolução e desenvolvimento, mas a coisas que mesmo com o passar dos anos não tem como modificar. Assim, tratamos do uso da ludicidade em sala de aula, através de jogos e brincadeiras. Muitas vezes podendo encontrar dificuldades para ter acesso a recursos pedagógicos para uso em sala de aula, mas com a ludicidade vemos que podemos trabalhar com diversas formas. Explorando diversas áreas, e estimulando os alunos a criar, imaginar e estimular os aspectos motores, cognitivos e psicomotores.

O uso da ludicidade como ferramenta pedagógica na educação infantil e nas séries iniciais do ensino fundamental, como forma de ensino e aprendizagem tem como estratégia construir novos e diferentes conhecimentos. As brincadeiras e jogos não é apenas um recurso como solução para atrair o interesse dos alunos para o desenvolvimento na vida escolar e interesse pelos estudos e conhecimentos, mas sim um método facilitador e que auxiliará os alunos em seu desenvolvimento de aprendizado, e busca pelo conhecimento. Utilizando de forma positiva a seu crescimento educacional.

Ao decorrer das pesquisas, tomamos conhecimento que todos nós possuímos desenvolvimento de aprendizado contínuo, sempre temos o que aprender, o que buscar e evoluir, construindo desenvolvimento através de experiências. A utilização das brincadeiras, jogos e materiais lúdicos na educação é um fator importante para o aprendizado das crianças.  Ela sente prazer em utilizar recursos que proporcionem integração com os colegas, lhe traga prazer, emoção e lazer. Podendo aprender e captar de forma atrativa e prazerosa, com fácil compreensão e de diversas formas.

A criança ao sentir entusiasmo, consegue obter foco pelos estudos de forma mais leve e fácil, podendo assim expor suas habilidades com praticidade e conseguindo se envolver com os colegas. A criança encontra satisfação em estar na escola aprendendo e compartilhando seus conhecimentos ao grupo, onde pode se expressar e desenvolver habilidades, através do mundo lúdico que auxilia no processo de aprendizagem.

Nesse processo cabe ao professor como mediador nessa metodologia de processo ensino aprendizagem, elevar meios e recursos para a construção de conhecimento, aplicando ensinamentos e trocas de experiências. É de suma importância, estar sempre preparado para práticas pedagógicas diferenciadas, que possam despertar a criatividade e o lúdico dos alunos.

Ao realizar esse trabalho foi possível ter grande conhecimento e uma nova visão sobre o tema, gerando um despertar positivo pela educação em prol do lúdico, através do uso de jogos e brincadeiras

Foi uma longa caminhada de aprendizados e novos conhecimentos adquiridos no decorrer do desenvolvimento do Trabalho de Conclusão de Curso, (TCC), tendo como base concepções de diversos autores. O tema despertou um olhar pedagógico mais evoluído em favor dos recursos que temos em mãos para serem usados a nosso favor e a favor de uma melhor educação e possibilidades de ensino aos nossos alunos.

É de suma importância que o educador tenha compreensão sobre o lúdico utilizado nas salas de aulas na educação infantil e nas séries iniciais do ensino fundamental. Os educadores precisam ficar atentos também à maneira como as crianças aprendem, quais são os aspectos fundamentais que envolvem o processo da aprendizagem, para todo o grupo ter um desenvolvimento educacional positivo.

4 REFERÊNCIAS

AGUIAR, J.S. Jogos para o ensino de conceitos: leitura e escrita na pré-escola. 4. Ed. Campinas: Papirus, 2002.

BASSEDAS, E.; HUGUET, T.; SOLÉ, I. Aprender e ensinar na educação infantil. Porto Alegre: Artmed, 1999.

FREIRE. O jogo: entre o riso e o choro. Campinas: Autores Associados, 2002.

MARINHO, JUNIOR, FILHO E FINCK. O universo do lúdico: a ludicidade na prática docente. p.84-85. Pedagogia do movimento: universo lúdico e psicomotricidade. Ed. Intersaberes, 2012.

PINTO, JOSÉ MARCELINO REZENDE, p. 121. Política de Educação Infantil no Brasil: Relatório de Avaliação. Secretaria de Educação Básica. Ministério da Educação (MEC), 2009.

RAU, MARIA CRISTINA TROIS DORNELES. Educação infantil: práticas pedagógicas de ensino e aprendizagem. Curitiba: Int

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