Pesquisador da Fiocruz alerta que eficácia da imunização depende da adesão em massa à vacina

Divulgação / Arquivo Pesoal
Divulgação / Arquivo Pesoal

A campanha de imunização contra a Covid-19, que já contemplou 28 milhões de pessoas em 46 países do mundo, é apenas o primeiro passo para o controle da doença causada pelo novo coronavírus. É o que alerta o assessor científico sênior da Fundação Oswaldo Cruz (Friocruz), Akira Homma – uma das principais referências em vacinação no Brasil.

Em entrevista ao programa Agora, da Rádio Guaíba, nesta sexta-feira (15), o especialista ressaltou que a eficácia da mobilização depende da adesão maciça da população às vacinas – já que a proteção de um pequeno grupo é praticamente inútil para a redução das mortes causadas pela infecção.

“Nós temos que conseguir uma alta cobertura vacinal para todas as faixas prioritárias, definidas pelo Ministério da Saúde no Programa Nacional de Imunização. Não adianta só uma pessoa tomar a vacina, ela não vai ajudar a proteger o todo”, destaca o profissional, que atua na unidade produtora de imunobiológicos da Fiocruz, a Bio-Manguinhos.

Ainda conforme Akira Homma, a origem e a velocidade de desenvolvimento das fórmulas não pode ser usada como argumento para a desqualificação das vacinas. Ele destaca que o progresso, feito em menos de um ano, é fruto de um investimento recorde no setor. Só os Estados Unidos, por exemplo, investiram US$ 10 bilhões na descoberta de imunizantes.

“O processo normal de desenvolvimento leva até 15 anos. São mais de doze etapas diferentes a serem cumpridas até chegar em uma dose final. No entanto, com esse procedimento acelerado, inúmeras etapas foram sobrepostas ou desenvolvidas em paralelo. Todas as etapas foram cumpridas, todas as informações foram feitas”, garante Homma.

Butantan e Fiocruz têm vacinas diferentes, mas eficazes

Questionado sobre a CoronaVac, que apresentou a capacidade de reduzir em 50% a apresentação de sintomas da Covid-19 no Brasil, o especialista disse que o índice é suficiente para a eficácia da fórmula. Para o pesquisador, as doses do Butantan e da Fiocruz, que trabalha com a Universidade de Oxford e Astrazeneca, são diferentes.

“A vacina do Butantan (CoronaVac) é feita a partir de vírus vivos, inteiros, inativados. Já a nossa vacina, da Friocruz, é preconizada. Ou seja, usamos um vetor – nesse caso, um adenovírus – que leva a proteína específica do Sars-Cov-2 para induzir a imunidade a partir da aplicação no corpo humano”, explica.

Inicialmente, apenas dois milhões de doses da vacina Oxford/Astrazeneca chegarão ao Brasil, ainda neste sábado (16). A produção nacional, nos laboratórios da Fundação Oswaldo Cruz, deve ter início em breve. A previsão é de que as vacinas da Fiocruz comecem a ser distribuídas no segundo semestre de 2021.

* Da Rádio Guaíba.