Defesa traz versão de mulher presa em caso de maus tratos a animais em Soledade

Ilustração / ClicSoledade
Ilustração / ClicSoledade

O caso da prisão de uma mulher, de 58 anos, por maus tratos a animais em Soledade neste sábado, 03/12, repercutiu nas redes sociais. A polícia civil prendeu ela após receber denúncia anônima de que a mesma havia agredido um cachorro com uma enxada.

O advogado da mulher, Robson Lazzari, divulgou nota na manhã deste domingo, 04/12, apresentando a versão da sua cliente sobre o ocorrido. “Disse ela que o animal ferido era um cachorro tirado da rua, que acabara de entrar no recinto de suas cachorras, pegando uma delas a mordidas, razão pela qual ao ouvir os gritos do animal ficou desesperada, pegando a enxada para defendê-la. E foi isso”, afirmou.

Conforme Lazzari, a acusada sabe que agiu de forma desproporcional e sabe que deveria ter levado o animal ao socorro veterinário após a sua ação. “Verifiquei que a ficha de antecedentes da acusada era limpa como água de vertente, ou seja, nenhum crime cometido em 58 anos de idade. Ao pesquisar a vida pregressa, notei que se tratava de uma apaixonada por cães, que tinha vários deles em sua casa tirados da rua”, sinalizou.

Segundo o advogado, a acusada já se encontra em liberdade. “Peticionei ao Magistrado de plantão pela liberdade desta professora, tendo em vista que nem mesmo em eventual condenação ficaria reclusa em regime fechado. Ora, esta senhora não representa risco a ordem pública ou a instrução criminal. Merece tratamento adequado à lei vigente, nem mais, nem menos”, esclareceu.

“Por fim, informo que o cachorro está tendo ótimo acompanhamento veterinário e começou a comer, mas ainda inspira muitos cuidados e corre riscos, segundo informações da polícia”, finalizou Lazzari.

Relembre o caso

Uma mulher foi presa na manhã neste sábado, 03/12, em Soledade pelo crime de maus tratos contra animais. Ela tem 58 anos e foi presa em flagrante no bairro das Fontes.

A polícia civil prendeu a mulher após receber denúncia anônima de que a mesma havia agredido um cachorro com uma enxada.

De acordo com a Polícia Civil, quando os policiais chegaram no local o cão estava desacordado próximo de sua casinha.

Ele foi encaminhado para o médico veterinário que constatou que o cérebro estava inchado e que havia sangramento na parte interna em um dos olhos.

A agressora foi presa em flagrante, pois o crime é inafiançável. Após registro na Delegacia de Polícia de Soledade, ela foi encaminhada ao Presídio de Passo Fundo.

Confira a nota na íntegra

Sobre o caso de maus tratos

Ontem, após a indicação de um colega Advogado que não atua na área criminal, fui contratado para realizar a defesa de uma Professora, 58 anos de idade, que foi presa pela prática de maus tratos a animais, pois teria dado enxadadas em um cachorro.

Notei que o fato estava estampado em vários portais jornalísticos, onde milhares de pessoas (Juízes de plantão), sem maiores detalhes do ocorrido, pediam que a acusada “MOFASSE NA CADEIA”.

A professora foi encaminhada ao Presídio de Passo Fundo, sendo negada fiança em razão da modificação da lei nos últimos tempos, que endureceu a punição aos crimes cometidos contra cães e gatos. Nada contra o trabalho da Polícia, que verificou o animal ferido e agiu dentro da legalidade tendo em vista o cenário encontrado no momento.

Aceitei pegar a causa em meio ao final de semana, deixando de ir a eventos com amigos e familiares, e me debrucei no procedimento para entender por qual razão a senhora teria agido daquela forma, para depois analisar se poderia ajudá-la.

Verifiquei que a ficha de antecedentes da acusada era limpa como água de vertente, ou seja, nenhum crime cometido em 58 anos de idade. Ao pesquisar a vida pregressa, notei que se tratava de uma apaixonada por cães, que tinha vários deles em sua casa tirados da rua.

E, por qual motivo agiu daquela forma?

Disse ela que o animal ferido era um cachorro tirado da rua, que acabara de entrar no recinto de suas cachorras, pegando uma delas a mordidas, razão pela qual ao ouvir os gritos do animal ficou desesperada, pegando a enxada para defendê-la. E foi isso.

A acusada sabe que agiu de forma desproporcional. Sabe que deveria ter levado o animal ao socorro veterinário após a sua ação.

Mas, diante deste cenário, é justo que esta senhora fique meses recolhida para “mofar na cadeia” como alguns postaram? É proporcional que fique meses misturada em meio à guerra de facções existente no presídio? Evidente que não.

Se os Policiais fizeram a parte deles (ótimos plantonistas diga-se de passagem), eu também fiz a minha. Peticionei ao Magistrado de plantão pela liberdade desta Professora, tendo em vista que nem mesmo em eventual condenação ficaria reclusa em regime fechado. Ora, esta senhora não representa risco a ordem pública ou a instrução criminal. Merece tratamento adequado à lei vigente, nem mais, nem menos.

Por fim, informo que o cachorro está tendo ótimo acompanhamento veterinário e começou a comer, mas ainda inspira muitos cuidados e corre riscos, segundo informações da Polícia.

Ahh!! Eu ia quase esquecendo. O judiciário também fez a parte dele e concedeu a liberdade à acusada. Vai voltar a dar aulas.

Aos Juízes de plantão eu digo: A internet é uma seara cheia de pseudoespecialistas a darem opiniões sem conhecimento de causa. Dão opinião sobre tudo. Chegamos a um ponto da nossa existência em que muitos carregam o cérebro nas mãos e não na cabeça.

Seguimos em frente.