Artigo: Aplicação de movimentos anatomofuncionais na reabilitação físico-funcional e no desporto

* Por professora Maria Bruna Karal da Silva, licenciada em Educação Física e Matemática, Pós-graduação em Educação Física escolar com Ênfase na Inclusão, Educação Infantil,Gestão Escolar (Administração, supervisão e orientação).

1 INTRODUÇÃO

Este estudo é uma revisão, baseada em um método criado por Ricardo Wallace das Chagas Lucas. O Método “STS – Strength Training Strategies” de: Musculação Terapêutica e Treinamento Físico. Sendo aplicado, os padrões de movimentos anatomofuncionais na recuperação física. O ACSM – American College of Sports Medicine (Colégio Americano de Medicina Esportiva), há muito tempo demonstra que a saúde está diretamente relacionada à capacidade aeróbia, à flexibilidade e à força dos indivíduos. Desta forma, qualquer modalidade de exercício físico que seja capaz de melhorar ou recuperar estes parâmetros, são úteis ao ser humano e pode se considerado terapêutico. É sobre este pilar que é executada a modalidade de exercício comumente chamada de “Musculação Terapêutica”. O termo musculação, que na realidade é traduzido como “ação muscular” é confundido muitas vezes somente como exercícios físicos com pesos. Isto induz a se pensar que a musculação é exclusivamente realizada para fisiculturismo ou hipertrofia. Mas, qualquer técnica de “ação muscular” que oferece resistência suficiente ao movimento, para a recuperação físico-funcional, manutenção ou aprimoramento atlético, pode ser entendida como musculação. Termos comuns citados pelo ACSM são Strength Training (Treinamento de Força) e Resistive Training (Treinamento de Resistência), cujo segundo é na realidade é uma modalidade de treinamento de força. Vários são os estudos que demonstram os benefícios dos “exercícios resistidos” no aprimoramento da composição corporal e no equilíbrio das relações hormonais/metabólicas humanas.

O estudo define que exercícios resistidos ou exercícios físicos resistidos, como atos motores que se caracterizam por contrações musculares específicas, contra uma resistência externa, independentemente da técnica utilizada: pesos, borrachas, mão, água, maquinário e etc.

Sendo assim, qualquer exercício físico provoca uma musculação, ou “ação muscular”. Qualquer técnica de “ação muscular” que oferece resistência suficiente ao movimento, para a recuperação físico-funcional, servindo como manutenção ou aprimoramento atlético, pode ser entendida como musculação. E é neste objetivo que apresentamos que o treinamento, ou sistema de aplicação de exercícios físicos, busca o trofismo funcional ou eutrofismo, para qualidade  de tônus   muscular e da resistência muscular, diferentemente da musculação tradicional.

2 DESENVOLVIMENTO

Para aplicar o treinamento físico deve ser utilizado 05 (cinco) fundamentos. Destes, 02 (dois) são considerados obrigatórios e 03 (três) são considerados complementares. Os obrigatórios são a Execução de movimentos Funcionais e Controle Contínuo de Frequência Cardíaca. E os complementares são o Estímulo Óculo-motor, Comando Verbal e o Estímulo pelo Toque.

Pesquisas têm mostrado que a musculação, ou exercícios físicos resistidos são seguros e eficazes para as mulheres e homens de todas as idades, incluindo aqueles que não estão em perfeita saúde. Na verdade, as pessoas com problemas de saúde, incluindo doenças cardíacas ou auto-imunes, são muitas vezes os mais beneficiados por um programa de exercícios que inclui manuseamento de pesos, algumas vezes por semana. O treinamento de força, especialmente em conjunto com exercícios aeróbios (oxidativos) regulares, também pode ter um profundo impacto sobre a saúde mental e emocional de uma pessoa. Há inúmeros benefícios ao treinamento de força regular. Ele pode ser muito poderoso na 10 redução dos sinais e sintomas de várias doenças e condições crônicas, dentre elas: Artrite; Diabetes; Osteoporose; Obesidade; Lombalgias; Depressão; Doenças Arteriais Coronarianas; Acidentes Vasculares Encefálicos, Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica. Produz benefícios ainda em transplantes de órgãos, em Programas de ginástica laboral e até em disfunções físico-funcionais de crianças e adolescentes.

Este tipo de treinamento físico tem como especificidade, a aplicação de movimentos contrarresistência trabalhando sob os perfis mais naturais possíveis de ação à luz de um metabolismo energético totalmente mensurável e baseado na capacidade de adaptação e variabilidade do sistema do sistema cardiorrespiratório.

Não podemos então afirmar que o Método STS – Strength Training Strategies seja de uma ou de outra profissão, devemos sim compreender que determinados conceitos podem ser utilizados pela Fisioterapia ou pela Educação Física.

A definição de Movimento Funcional acabou evoluindo de “movimento funcional” ou normal, o que explica o próprio objetivo da motricidade humana, sendo assim, o movimento executado por uma consequência anatômica, ou anatomofuncional, resultando em eficiência e eficácia, e com uma baixa margem de erro causador de lesões.

… “Por trás da variedade dos movimentos da pessoa normal, adaptados a cada objeto e finalidade, podemos encontrar, inscrito na anatomia humana, um movimento de base, independente do objetivo e do meio externo, que chamamos de movimento fundamental”… (Piret e Béziers, 1992)

Ao analisar um indivíduo, quais movimentos causadores (ou que predispõe) de distúrbios osteomusculares, iremos observar que tais movimentos possuem uma característica iatrogênica à sua função. Isto quer dizer, que metabolicamente, neurologicamente ou mecanicamente, estes movimentos não deveriam ser executados,

tendo em consideração a intensidade ou o tempo levado a tal exposição não favorável. Isto quer dizer que, é comum submeter o cliente/aluno/paciente a movimentos não- funcional, podendo gerar lesões ou até mesmo agravá-las, se não utilizar os movimentos básicos da anatomia.

Tendo em vista que isto nos leva a um pensamento conflitante, pois boa parte dos desportos estabelecidos pelo homem é simplesmente composta de movimentos “não funcionais”. Estaríamos submetendo o corpo do “desportista” às lesões ou doenças metabólicas mais comuns do nosso dia a dia? A resposta certamente é positiva ainda mais agora neste cenário onde o sedentarismo apresenta-se como algo “normal” para a maioria da população.

Movimentos funcionais e o substrato energético estão diretamente interligados, sendo o grande objetivo de ambos conseguir agir em uma sintonia harmoniosa, isto é gastar a menor quantidade de energia com o máximo de vantagem mecânica. Isto nos mostra que ao falar de movimento funcional não é simplesmente relacionar a ação do movimento com a biomecânica. Esses movimentos fundamentais estão baseados nos seguintes princípios, de acordo com Piret e Béziers (1992).

Certos músculos pluriarticulares são organizadores do movimento porque transmitem a contração aos músculos subsequentes, monoarticulares, assegurando o início do trabalho destes. Por conduzirem o movimento de intervalo a intervalo, são chamados de músculos condutores. Cada um dos músculos condutores do movimento realiza seu trabalho a partir do precedente e assegura o trabalho do seguinte.

O estado de tensão do corpo se baseia no tônus muscular, na organização dos músculos dois a dois (antagonistas) e na de todos os músculos entre si, constituindo-se, assim, a coordenação motora. O estado de tensão é constituído de unidades de coordenação que, ao reunirem-se, tensionam todo o corpo.

A coordenação motora nos permite compreender o movimento como um todo organizado, capaz de situar-se paralelamente ao psiquismo, com ele e perante ele, como cita LUCAS, Ricardo W.C.(2015).

Completando o entendimento de movimento funcional, normal, ou fundamental, Denys- Struyf (1995) destaca três noções básicas advindas dos conceitos utilizados por Piret e Béziers:

As tensões e as torções presentes nas unidades de coordenação determinam a estrutura e a forma do corpo; A forma do corpo é influenciada pelo gesto; e o gesto está ligado às estruturas psíquicas do indivíduo.

Para uma releitura pouco mais moderna dos textos de Piret e Béziers, citamos Santos, que em seu livro intitulado “Biomecânica da Coordenação Motora”, editado em 2002, apresenta didaticamente as unidades de coordenação.

Aponta LUCAS, Ricardo W.C.(2015), que unidade de coordenação é um segmento corporal constituído por dois elementos rotatórios capazes de girarem simultaneamente em sentidos opostos graças à contração de um músculo poliarticular denominado condutor, realizando uma torção que cria uma tensão capaz de manifestar-se em uma articulação situada entre os dois elementos rotatórios sob forma de flexão. Em outras palavras, toda flexão é fruto de duas rotações, que ocorrem em sentidos opostos de um lado e outro da articulação que se move.

Este segmento é capaz de um movimento reconhecível como humano, porque é um movimento fluido, contínuo, sem interrupções bruscas, um compromisso entre vários movimentos. O movimento humano não é aquele descrito pelos livros de anatomia ou cinesiologia tradicional com um segmento movendo-se em um único plano em torno de um eixo situado em um plano perpendicular ao do movimento, descrito um a um. A unidade de coordenação envolve várias articulações e vários pequenos movimentos concomitantes ao movimento básico”.

ESTÍMULO ÓCULO-MOTOR – O Método STS de Musculação Terapêutica lançou mão desta modalidade de estímulo para este fundamento, baseada na sua longa utilização pela fisioterapia e das aulas de ginástica de academia. Em ambas as atividades são utilizados espelhos, e os benefícios de sua utilização para o aprendizado neuro-motor e correção postural são evidentes quando comparados a grupos que não fazem uso dos mesmos. Muito se especulava sobre a verdadeira ação deste reforço neuro-motor e estímulo de aprendizagem. Recentemente, com a utilização de equipamentos sofisticados de análise de funções cerebrais, confirmou-se a presença dos “Neurônios Espelhos”, e atribui-se aos mesmos grande parte desta ação. Acreditamos que ao se pôr um indivíduo perante um espelho, onde o mesmo possa ver a execução dos padrões funcionais realizado pela sua própria imagem, estamos potencializando a ativação ou reativação destes neurônios espelhos. E por se tratar de funções também funcionais, ou seja, estes neurônios foram desenvolvidos para realizarem esta função, estamos também retroalimentando a função cognitiva que desencadeia a memória motora (ou a ativa). Os neurônios espelho desempenham uma função crucial para o comportamento humano. Eles são ativados quando alguém observa uma ação de outra pessoa. O mais impressionante é o fato desse espelhamento não depender obrigatoriamente da nossa memória. Se alguém faz um movimento corporal complexo que nunca realizamos antes, os nossos neurônios-espelho identificam no nosso sistema corporal os mecanismos proprioceptivos e musculares correspondentes e tendemos a imitar, inconscientemente, aquilo que observamos, ouvimos ou percebemos de alguma forma. E no caso do Método STS de Musculação Terapêutica, este alguém é o próprio indivíduo que recebe os padrões de exercício.

De acordo com Rizzolatti e Craighero (2004), …”o que caracteriza e garante a sobrevivência dos seres humanos é o fato de sermos capazes de nos organizar socialmente, e isso só é possível porque somos seres capazes de entender a ação de outras pessoas. Além disso, também somos capazes de aprender através da imitação e essa faculdade é a base da cultura humana”…

Os neurônios espelho foram descobertos na área pré-motora de macacos Rhesus na década de 90. Onde se demonstrou que alguns neurônios da área F5, localizada no lobo frontal, que eram ativados quando o animal realizava um movimento com uma finalidade específica (tipo apanhar uma uva passa com os dedos) também eram ativados quando o animal observava um outro indivíduo realizando a mesma tarefa. De acordo com Lameira (2006): “A importância desta descoberta para a compreensão direta da ação e/ou da intenção do outro animal ou ser humano foi imediatamente percebida). Ou seja,

os neurônios espelho, quando ativados pela observação de uma ação, permitem que o significado da mesma seja compreendida automaticamente (de modo pré-atencional) que pode ou não ser seguida por etapas conscientes que permitem uma compreensão mais abrangente dos eventos através de mecanismos cognitivos mais sofisticados. Além de um estímulo visual explícito (observação de uma ação), estes neurônios podem também ser ativados por eventos que possuem apenas relação indireta com uma determinada ação: 1. A partir de um som habitualmente associado a uma ação, como por exemplo, o barulho da quebra da casca de um amendoim (Kohler et al., 2002) 2. Pela dedução implícita da continuidade de uma ação, como, por exemplo, quando um macaco observa o movimento de uma mão na direção de um objeto oculto por um anteparo colocado posteriormente à apresentação do objeto ao animal (Umiltà et al., 2001). Da mesma forma, não é só a ação manual que é capaz de ativar os neurônios espelho. Por exemplo, existem neurônios-espelho que são ativados quando o macaco executa e/ou observa ações relacionadas com a boca, tais como lamber, morder ou mastigar alimentos. Além disso, na mesma região onde são encontrados estes neurônios existe uma pequena percentagem de células que dispara quando macaco observa o experimentador fazer ações faciais comunicativas na sua frente (Ferrari, Gallese, Rizzolatti, & Fogassi, 2003). Em outro estudo foram comparadas as regiões cerebrais ativadas pela observação de ações comunicativas da região orofacial de cães (latir), macacos (movimentos labiais) e humanos (fala em silêncio). Os resultados, em seres humanos, mostraram que a observação da fala em silêncio ativa a área de Broca no hemisfério esquerdo e a observação dos movimentos labiais de macacos ativam uma parte menor da mesma região cerebral em ambos os 35 hemisférios, mas que a observação do latir do cão só ativa áreas visuais extra-estriadas (Buccino, Binkofski, & Riggio, 2004). Ou seja, quando a ação observada (o latir) não faz parte do repertório de ações do ser humano, os neurônios espelho não são ativados.. Além disso, considerando que a capacidade humana de abstrair intenção a partir da observação de conspecíficos é considerada crucial na transmissão de cultura, a descoberta dos neurôniosespelho é de importância fundamental para compreendermos o que nos faz diferente de outros animais, em termos cognitivos‖. Podemos suspeitar inclusive, a partir destas informações a respeito dos neurônios espelho, que a fala nas crianças e até o mecanismo de aprendizado de sotaques, estejam relacionados. A fala se utiliza do mecanismo visual e do auditivo para se desenvolver, pois a criança visualiza o movimentar da boca das pessoas que falam para elas, e ouvem o som de suas vozes, e por este mecanismo viso-auditivo-motor tenta reproduzir a fala. Já o sotaque se vale somente do mecanismo auditivo para se desenvolver, e não é necessária nenhuma consciência para tal, por isso a maioria das pessoas não chega nem a perceber que “pegou” determinado sotaque. Aí estaria a ação dos neurônios espelho, que empresta suas características não só para o aspecto visual mas também para o auditivo, relacionando-se assim também com o fundamento de “Comando Verbal” do Método STS de Musculação Terapêutica. É importante levar em consideração que o estímulo visual também pode desencadear mecanismos negativos à correta postura dinâmica e estática, em um indivíduo que não possua uma boa relação com sua imagem corporal. Desta forma o profissional que aplica o Método deve se preocupar com este detalhe, quando realizar a sua anamnese.

COMANDO VERBAL – Quando se executa os Padrões de Movimento do Método STS de Musculação Terapêutica em uma sessão segmentada, personalizada completa ou de grupo, o fundamento “Comando Verbal” (ou estímulo vocal) tem o objetivo de estimular à coordenação intermuscular, potencializar a concentração no exercício, motivar e reforçar a memória motora por conseqüência. 36 Segundo Voss (1987), o comando verbal, ou estímulo vocal direcionado, seria a codificação em palavras que deve ser compreendida por um sujeito sob a atuação de um profissional (de reabilitação, exercício físico e até nas forças armadas), para a obtenção de uma determinada expressão motora, ou mudança de comportamento. Profissionais de Educação Física e Fisioterapeutas utilizam o comando verbal tanto no trabalho individualizado ou em grupo, para diferentes atividades elaboradas e com diferentes objetivos terapêuticos e de condicionamento físico. Assim como o Método STS de Musculação Terapêutica, diferentes métodos de cinesioterapia (e exercícios físicos), como o Método Kabat de Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva, o Método de Reeducação Postural Global, Ginásticas de Grupo em academias, e o Método de Godelieve Denys-Struyf, fazem uso de diferentes modalidade de aplicação de comando verbal. De acordo com Pardo (2005), são feitas as seguintes considerações em relação ao comando verbal: ―.      no treinamento de exercícios cinesioterapêuticos, ao passo que o fisioterapeuta fornece o comando verbal, o sujeito ouve e executa conforme o ordenado, sendo informado da adequação do movimento ou, se necessário, seguindo correções determinadas verbal e/ou gestualmente pelo fisioterapeuta. Acredita-se que o comando verbal pode interferir no sucesso da tarefa a ser executada, bem como na execução da técnica e nos resultados do tratamento como um todo. Pequenas mudanças no comando verbal podem implicar diferenças significativas na resposta do movimento realizado, podendo afetar, por exemplo, a velocidade da execução, a trajetória, o recrutamento de grupos musculares, os grupos musculares estabilizadores do segmento em movimento e do corpo. Os efeitos do treinamento também poderão variar na melhora da coordenação motora, na amplitude de movimento ou em sua intensidade. Skinner (1957), citado por Hübner (1999), introduziu a expressão comportamento verbal no livro Verbal Behavior, em substituição ao termo linguagem, pois este permitia várias interpretações, gerando distorções ao uso, à prática e à ação. A introdução da expressão comportamento verbal determina um melhor uso e entendimento da palavra, dando ênfase à ―linguagem como comportamento   modelado‖   (Hübner,   1999),   isto   é,   a   linguagem   utilizada   como instrumento consciente de reforço de uma prática, para que a resposta seja a do aprendizado. 37 A Teoria da Aprendizagem por Meio de Reforço descrita por Skinner (1954) e citada por Lysaught & Williams (1974) determina que ―o reforço ocupa uma posição central em qualquer programa de aprendizagem‖. Lysaught e Williams (1974) mencionam algumas generalizações derivadas da teoria da aprendizagem por meio de reforço, que se relacionam com a aprendizagem programada: 1. Um indivíduo aprende, ou modifica sua maneira de agir, observando as conseqüências de suas ações. 2. Conseqüências que fortalecem a possibilidade de repetição de um ato são denominadas reforços. 3. Quanto mais prontamente o reforço sucede à execução desejada, tanto maior é a probabilidade de que o comportamento se repita. 4. Quanto mais freqüentemente ocorre o reforço, tanto maior é a probabilidade de que o ‗estudante‘ repita o ato. 5. A ausência e, até mesmo, o retardamento de reforço após uma ação, enfraquece a probabilidade da repetição do ato. 6. O reforço intermitente de um ato aumenta a amplitude de tempo durante o qual o estudante persistirá numa tarefa, sem a ocorrência de novo reforço. 7. O comportamento de aprendizado de um ‗estudante‘ pode ser desenvolvido ou modelado gradualmente, por meio de reforço diferencial, isto é, reforçando-se os comportamentos que devem ser repetidos e retirando-se o reforço no caso de atos indesejáveis. 8. Além de fazer com que a repetição de um ato seja mais provável, o reforço aumenta a atividade do ‗estudante‘, acelera seu ritmo e eleva seu interesse na aprendizagem. A isto se pode denominar de efeitos motivacionais de reforço. Hübner (1999) explica que ―a casuística definidora do comportamento verbal é a de que ele é estabelecido e mantido por reforço mediado por outra pessoa‖. Para que o sujeito seja adequadamente influenciado pela ação do comportamento verbal, será necessário passar por um treinamento específico, aumentando seu aprendizado e fortalecendo seu entendimento. Para isso é preciso que o sujeito aja de acordo com o comportamento verbal operado (Hübner, 1999). De Rose (1999) afirma que a utilização de recursos verbais não se limita à Psicologia, mas ocorre em praticamente todas as ciências que lidam com o homem, e está sujeita a limitações de atenção, memória, acessibilidade e, ainda, às possibilidades de distorções deliberadas por parte do ouvinte. No caso da Fisioterapia, o comportamento verbal utiliza o reforço, na forma de feedback e de instrução verbal, geralmente associada ao modelo gestual, como forma de ensino do comportamento motor a ser apreendido. A avaliação dos efeitos de diferentes comportamentos verbais sobre um mesmo objetivo terapêutico, como, por exemplo, a influência do comportamento verbal na condução da prática de exercícios físicos, não é explorada na literatura. Semelhantemente, não se encontram na literatura científica trabalhos que investiguem a influência do comportamento verbal como instrumento de ensino e feedback (reforço positivo) para obtenção de melhores resultados de ordem motora.

TOQUE MANUAL – Os circuitos neurais de cada padrão de movimento são anatomicamente distintos, mas todos eles estão física e funcionalmente integrados. O toque realizado no indivíduo que é submetido às várias modalidades de cinesioterapia manual, também é responsável pela potencialização dos mecanismos posturais. Lembrando que a postura pode ser referida à situação estática ou dinâmica, e de forma segmentada ou global, e os mecanismos posturais são desencadeados por vários “detectores” locais, aferência somatossensorial e aferência motora. Os circuitos proprioceptivos têm preferência no estudo do controle do movimento, e o Método STS de Musculação Terapêutica usa o fundamento do toque, no ventre muscular do músculo motor primário do movimento funcional (durante o movimento excêntrico principalmente). Pois se acredita poder somar o estímulo tátil suave, que é conduzido por vias de grande velocidade e calibre (fascículo grácil e cuneiforme), ao estímulo proprioceptivo. Agora vejamos a sequência de eventos neurais que podem ocorrer durante um padrão de movimento do Método STS de Musculação Terapêutica: O indivíduo prepara-se interpretando 39 as informações visuais (utilizando o espelho de postura ou da sala de ginástica), auditivas (comandos verbais do profissional) proprioceptivas (sua própria posição do corpo, da cabeça e dos membros) e vestibulares (seu próprio movimento da cabeça). Todas essas informações são enviadas para as áreas associativas, e o indivíduo obtém uma noção de posição do seu corpo no espaço em relação ao movimento segmentar e a contra resistência (integração realizada no córtex parietal posterior). Com as experiências previamente acumuladas pela memória motora e levando-se em consideração o grau de dificuldade do movimento, o peso absoluto empregado, a velocidade do movimento, e as descargas aferentes, ele tem algumas alternativas de como fixar realmente o padrão motor. Esta soma de ações e fundamentos do Método STS de Musculação Terapêutica e seus padrões de movimento são co- avaliados pelos núcleos da base e pelo cerebelo. O córtex motor e o cerebelo elaboram a tática de execução do movimento (planejamento) e instruem os neurônios motores do tronco encefálico e da medula que inervam os grupos de músculos que serão recrutados. Desta forma, a execução no dia a dia de movimentos fundamentais (funcionais, originais, naturais ou anatomo-funcionais), acaba por reforçar o resultado neurológico e metabólico propiciado pelo exercício, ou cinesioterapia, contra resistidos.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Concluímos que para entendimento geral, do que significa então ser um movimento “funcional” para uma reabilitação ou condicionamento físico, é necessário que se faça a análise da existência de quatro parâmetros/preceitos durante ou para a execução do mesmo, que pode ser feita em forma de perguntas, como, o movimento respeita a anatomia das estruturas envolvidas? , O movimento respeita as leis da biomecânica?, O movimento respeita o aspecto neurológico central e periférico da ação motora?, o movimento respeita a carga metabólica específica para o mesmo?. Portanto, de maneira categórica e minuciosa, o profissional da Educação Física ou Fisioterapia deve ter em mente que não basta somente executar o movimento, mas de certa forma prescrevê-lo antes da sua aplicação prática. E para isto é necessária e obrigatória a realização de uma consulta para que se determine as incapacidades físico-funcionais do cliente para assim se concretizar a reabilitação.

4 REFERÊNCIAS

 DENYS-STRUYF, G. CADEIAS MUSCULARES E ARTICULARES: O método GDS. São Paulo: Summus, 1995.

FLECK, SJ. & KRAEMER, WJ. Fundamentos do Treinamento de Força. Porto Alegre: Artmed, 1999.

GUYTON, AC. FISIOLOGIA HUMANA. 6.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1998.

PIRET, S. & BÉZIERS, MM. A COORDENAÇÃO MOTORA: Aspecto mecânico da organização psicomotora do homem. São Paulo: Summus, 1992.

POLLOCK, ML. & WILMORE, JH. . Exercícios na saúde e na Doença, Rio de Janeiro: Medsi, 1993.

RASH, PJ. CINESIOLOGIA E ANATOMIA APLICADA. 7. ed. Guanabara Koogan. 1989. SANTOS, A. A BIOMECÂNICA DA COORDENAÇÃO MOTORA. 2. Ed. Rio de Janeiro: Summus, 2002.