ARTIGO: A arte na educação infantil

Por Denize Del Osbel Pozzebom

RESUMO

O presente trabalho de pesquisa bibliográfica teve por finalidade uma melhor reflexão sobre o papel do ensino de artes nas escolas de Educação Infantil, sua importância enquanto disciplina de currículo escolar, integração das atividades propostas pelos professores. Discussões sobre uma aprendizagem de caráter mais significativo e sobre como reformular o papel do professor e dos alunos enquanto os principais envolvidos neste processo de aprendizado e desenvolvimento da arte. Com base em artigos e livros de estudos sobre os mais variados aspectos das artes podem-se perceber que é possível haver uma relação com outras áreas de estudos, pois a Arte na Educação Infantil tem uma importância muito relevante. Através deste estudo percebeu-se em questionar o que estamos fazendo com nossos alunos em relação a expressão da arte, observando-se o que está sendo desenvolvido com os educandos. Tendo em vista, refletir e pensar sobre este aspecto. Ressaltando também a importância que a arte tem e a forma como muitas vezes é vista na escola, apenas como uma forma de passatempo na vida da criança. Acredito que quando aplicada de forma adequada, a arte é muito mais que um lazer, pode proporcionar grandes mudanças na forma de ensinar e de aprender de cada indivíduo sendo prazeroso o estudar da arte.

Palavras-chave: Arte. Aprendizagem. Educando. Educador. Educação Infantil.

1 INTRODUÇÃO

Temos o hábito de cultuar a ideia de que ao adentrarmos em uma universidade, todos os nossos questionamentos e dúvidas serão sanadas, porém a realidade nos mostra que esse pensamento é errôneo, uma vez que só descobrimos a melhor metodologia para transmitir o conhecimento às crianças, depois que colocamos nossas ideias em prática.

Ministrar a disciplina de Arte não é tarefa fácil, pois ela mexe profundamente com a criatividade das crianças, além de demandar uma maior dedicação do professor na busca de extrair os melhores resultados e alcançar os objetivos propostos aos seus alunos.

Desta forma, o presente trabalho buscou abordar reflexões sobre a arte na educação infantil, ressaltando a importância da mesma na escola, além de destacar a necessidade do professor estar bem preparado para atender as demandas de comunicação com as crianças, buscando através do uso das mais diversas manifestações artísticas (brincadeiras, dança, música, teatro…), uma maneira para alcançar os mais variados objetivos, além  de observar e tentar entender o que o aluno quer transmitir, pois na maioria dos casos, as atividades são articuladas e montadas pelo educador, porém estas nem sempre vão de encontro àquilo que a criança espera, uma vez que inconscientemente não se leva em consideração a criança em si, mas sim o objetivo a ser alcançado pelo educador.

O tema pesquisado foi escolhido ao longo da formação acadêmica de Pedagogia, na qual começaram a surgir questionamentos sobre a arte na educação infantil e a grande importância que ela exerce sobre as crianças, despertando inspiração e revelando os mais íntimos anseios, expressando a criatividade e as emoções, por isso a arte cativa, pois trabalha e aprimora os sentimentos.

Sabemos que em relação a arte, cada criança tem sua aptidão, umas se expressam melhor na pintura de desenhos, outras em trabalhos manuais e em palavras, sendo que todas essas atividades auxiliam e desenvolvem a coordenação motora, raciocínio sensório e muito mais, despertando sentimentos e emoções através da arte desenvolvida em aula. Diante disso, o objetivo geral é demostrar a importância da arte na escola e na vida das crianças, pois ela traz grandes oportunidades de desenvolvimento na aprendizagem, uma vez que permite ampliar o conhecimento, além de potencializar a descoberta de suas habilidades, fazendo com que as crianças desenvolvam uma mente livre para criar e mudar sua visão de mundo.

Constata-se então que na educação infantil não se deve ter a preocupação de formar artistas, mas sim de favorecer o acesso às diferentes formas de arte, haja visto que rotular a criança como um ser sem critérios estéticos, é sem dúvida, ignorar e menosprezar suas capacidades, desta forma cabe ao professor pensar na criança como um ser que cria e recria, para que possa extrair dela a sua máxima capacidade.

Este estudo teve como base uma fundamentação bibliográfica onde visou-se almejar os objetivos propostos. Seguindo uma linha de pensamento dos autores pesquisados, buscou-se uma melhor compreensão da importância da arte na educação infantil.

2 A ARTE NA EDUCAÇÃO INFANTIL

A arte surgiu desde a época dos homens das cavernas, uma vez que no começo da história da humanidade ela já ocupava espaço na sociedade e ao longo do tempo sofreu transformações inerentes à evolução humana. Conforme Paulo Freire (1996, p.85) intitulado: Pedagogia da Autonomia – Saberes necessários e práticas educativas:  “Sem a curiosidade que me move, que me inquieta, que me insere na busca, não aprendo nem ensino”.

A educação em arte possibilita que os alunos desenvolvam sua criatividade, bem como reflitam acerca e conheçam as diferentes culturas em que estão inseridos, desta forma a arte propicia uma troca de saberes enriquecedora e gratificante, pois a arte permite que as crianças ampliem seu conhecimento e descubram suas potencialidades e habilidades, haja visto que é através da arte que elas se expressam, se comunicam e demonstram sentimentos, emoções, pensamentos e sonhos, através dos mais variados meios, dentre eles: formas, linhas, rabiscos, desenhos no chão, na areia, na parede, em muros, sendo que a criança usa sua imaginação, transformando diversos materiais na maioria das vezes encontrados por acaso no ambiente em que a criança está, mas fazendo com que ela desperte curiosidade, transformando esses materiais conforme norteia sua imaginação.

A criança desde que nasce, depara-se com um repertório de símbolos e significados construídos pelas gerações que a antecederam e, participando de práticas culturais do seu grupo, reconstrói os significados do mundo físico, psicológico, social, estético e cultural. O mundo simbólico será conhecido e dará novo significado no convívio e acesso aos jeitos de pensar e fazer aos códigos, entre eles o código da arte. Segundo os autores Ferraz e Fusari (1993, p. 42):

[…] é na continuidade que os conceitos sociais e culturais são construídos pela criança, por exemplo, os de gostar, desgostar, de beleza, feiura, entre outros. Esta elaboração se faz de maneira ativa, a criança interagindo vivamente com pessoas e sua ambiência.

Na organização de sentidos para esse mundo simbólico que está à disposição das crianças, pode-se perceber o ato da criação individual, apesar da criança estar inserida coletivamente. Ao reconstruir os sentidos das experiências para si, a criança articula experiências externas e amplia sua possibilidade de percepção e leitura do mundo que a cerca.

Nesse sentido, não apenas reproduz o que percebe, mas cria outros sentidos, usa a sua imaginação para preencher os vazios de sua leitura de mundo, criando significados próprios para aquilo que observa e manipula, enxergando além daquilo que vê. Interage com manifestações artísticas, estéticas e comunicativas do ambiente e, nessa interação, entra em contato com o contexto social e cultural em que vive e muda a sua forma de ver aquilo que a rodeia. Esta afirmação é reiterada pelos seguintes autores, Ferraz e Fusari (1993, p. 43):

Queiramos ou não, é evidente que a criança já vivencia a Arte produzida pelos adultos, presente em seu cotidiano. É obvio que essa arte exerce vivas influências estéticas na criança. É óbvio, também, que a criança com ela interage de diversas maneiras.

Assim sendo, as crianças entram em contato com o mundo sensível que as cerca, agindo sobre ele com inocência, afeto, cognição, motricidade, e construindo para si um repertório somente seu de formas, cores, texturas, sabores, gestos e sons, atribuindo a esse seu mundo, sentidos e organizações diferentes. O papel do educador é considerar essas significações já construídas pela criança e desafiá-la a construir outras, usando o seu potencial e criatividade. Uma vez que Júnior Duarte (2012, p. 67), cita que:

Educar os sentimentos, as emoções, não significa reprimi-los para que se mostrem apenas naqueles (poucos) momentos em que nosso “mundo de negócios” lhes permite. Antes, significa estimulá-los a se expressar, a vibrar diante de símbolos que lhes sejam significativos. Conhecer as próprias emoções e ver nelas os fundamentos de nosso próprio “eu” é a tarefa básica que toda escola deveria propor, se elas não estivessem voltadas somente para a preparação de mão de obra para a sociedade.

A forma de se expressar da criança implica na construção das formas de linguagem e comunicação exercidas no processo de socialização, uma vez que atuando expressivamente é que a criança aprende e vivencia formas de ser e de estar no mundo humano e a conviver com outros indivíduos.

A vivência no mundo simbólico e a ampliação das experiências perceptivas que fornecem elementos para a representação infantil dão-se no contato com o outro. O professor como mediador do conhecimento pode, através de seu trabalho, aprimorar as potencialidades perceptivas, fazendo com que o conhecimento artístico e estético se dê através da orientação para observar, tocar e sentir, enfim, fazendo com que as crianças possam ir além daquilo que observam ao seu redor, enriquecendo as suas experiências e perspectivas. O trabalho em arte envolve educador e educando, pois quem a comtempla e avalia. Segundo Fusari (2001, p.79):

Se emociona, estabelece ligações da obra com sua vida e se relaciona com ela de modo único, já que em arte não existe certo ou errado; ela permite as mais diversas interpretações e os mais diferentes sentimentos, dependendo de quem a vê.

Nesse sentido, a arte é tão íntima de cada ser humano e cada um a interpreta à sua maneira, pois cada indivíduo tem seu modo de contemplar aquilo que vê, pois cada um cria e recria na sua própria imaginação e isso inclusive relaciona-se com o estado emocional em que a pessoa se encontra, pois a arte desperta em cada ser uma interpretação única, uma vez que cada um tem seu universo artístico e é nessa hora que nos deixamos levar como seres livres no mundo da imaginação e assim expressamos nossos sentimentos e emoções mais íntimas.

De acordo com o pensamento dos autores Ferraz e Fusari (1993, p.49):

 […] durante as criações ou fazendo atividades de seu dia a dia, as crianças vão aprendendo a perceber os atributos constitutivos dos objetos ou fenômenos à sua volta. Aprendem a nomear esses objetos, sua utilidade seus aspectos formais (tais como linha, volume, cor, tamanho, textura, entre outros. Para que isso ocorra é necessário a colaboração do outro – pais, professores, entre outros… – sozinha ela nem sempre consegue atingir as diferenciações, muitas vezes sua atenção é dirigida ás características não- essenciais e sim ás mais destacadas dos objetos ou imagens, como por exemplo, as mais brilhantes, mais coloridas, mais estranhas.

Como podemos ver, as crianças experimentam, criam e vivenciam experiências o tempo todo, interagindo com a arte da maneira que elas veem, nesse sentido percebe-se o quanto é importante a troca com o outro para que a criança possa diferenciar e perceber características essenciais no processo da criação. Dessa forma, o educador tem um papel fundamental, auxiliando a criança nessa percepção, que muitas vezes sozinha ela não consegue desenvolver. Conforme FREIRE:

Criar “é um processo existencial. Não lida apenas com pensamentos, nem somente com emoções, mas se origina nas profundezas do nosso ser, onde a emoção permeia os pensamentos ao mesmo tempo em que a inteligência estrutura, organiza as emoções. A ação criadora da forma torna inteligível, compreensível o mundo das emoções.”( Freire 2008,p.63)

Para melhor delinear o criar já está na essência humana cabe ao educador deixar o aluno manifestar o que sente de maneira natural mas criando situações para movimentar a sua mente para pensar, criar e exercitar seus pensamentos e emoções.

2.1 A ARTE COMO INSTRUMENTO DE ENSINO APRENDIZAGEM

Na educação infantil as atividades artísticas ministradas pelos professores são ricas oportunidades para o desenvolvimento das crianças, uma vez que põem ao seu alcance diversos tipos de materiais para manipulação, além da arte espontânea que surge em brincadeiras ou a partir de uma proposta mais direcionada e objetiva.

As brincadeiras, o teatro, a dança, a música, a pintura, o desenho e o conto de fadas, fazem parte de um momento prazeroso em que as crianças se expressam, pois, para elas tudo é diversão, permitindo que elas se comuniquem e interajam, transformando a vida na relação com a arte, ou seja, “somos potencialmente criadores, possuímos linguagens, fazemos cultura” (PIRES, 2009, p.47).

Compete ao professor observar, acompanhar e contribuir com oportunidades para que o aluno se expresse de forma espontânea e pessoal, porém é importante que o educador consiga analisar o contexto da atividade que foi proposta e quais benefícios ela traz para o desenvolvimento da criança.

A maioria dos professores acredita que desenhar, pintar, modelar, cantar, dançar, tocar e representar é bom para o aluno, mas poucos são capazes de apresentar argumentos convincentes para responder “Por que essas atividades são importantes e devem ser incluídas no currículo escolar? ” (ALMEIDA, 1992, p. 48).

O professor de educação infantil busca proporcionar atividades artísticas, criando símbolos que expressam sentimentos e emoções, portanto, para que isso aconteça é necessário planejar essa aula para que seja algo prazeroso para o aluno, por isso, ter conhecimento da arte e dos alunos é essencial, ou seja, o professor precisa ser um observador atento e sensível ao que vê, buscando sempre novas técnicas e recursos para explorar a arte em sala de aula, fazendo com que o aluno sinta-se livre para liberar sua criatividade, contribuindo assim para o desenvolvimento do mesmo, pois esse é o intuito da arte, sendo o aluno o foco central, aquele que cria e liberta suas emoções, tendo o professor como contribuinte, porém, de modo que sua reflexão e participação respeitem as aprendizagens individuais de cada criança para que elas cresçam cada vez mais.

Segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais de Artes para a Educação Básica (2008, p. 52):

O ensino da arte baseia-se num processo de reflexo sobre a finalidade da educação, os objetivos específicos dessa disciplina e a coerência entre tais objetivos, os conteúdos programados (os aspectos teóricos) e metodologia proposta. Pretende –se que os alunos adquiram conhecimento sobre a diversidade de pensamento e de criação artística para expandir sua capacidade de criação e desenvolver o pensamento crítico.

Considerando os avanços na nossa sociedade e as mudanças que acontecem diariamente devido a globalização, precisamos entender que as crianças precisam estar preparadas para enfrentar os desafios que a sociedade propõe. A arte contribui nesse processo, formando alunos reflexivos e críticos, tendo o professor um papel essencial nesse processo. De acordo com isso, podemos afirmar que o professor é quem promove o fazer artístico e a reflexão da arte, fazendo com que esse aluno seja capaz de criar sem pré-julgamentos, de maneira livre, soltando sua imaginação, expandindo aquilo que sente e vê, desta forma, o professor é responsável pelo planejamento e reflexão acerca das atividades propostas, respeitando a maneira de aprendizagem individual de cada criança, corroborando com essa ideia. Lavelberg (2003, p. 12), afirma:

É necessário que o professor seja um ‘’estudante’’ fascinado por arte, pois só assim terá entusiasmo para ensinar e transmitir a seus alunos a vontade de aprender. Nesse sentido, um professor mobilizado para a aprendizagem contínua, em sua vida pessoal e profissional, saberá ensinar essa postura a seus estudantes.

O contato com diferentes formas de artes, compostas de expressões e representações oportuniza aos alunos buscar conhecimento e explorar a arte através de brincadeiras e experimentações, desenvolvendo e construindo uma visão transformadora, beneficiando o vínculo entre a realidade e o imaginário, contribuindo para desenvolver a compreensão do aluno a respeito do mundo no qual ele vive, permitindo que ele faça uma análise pessoal das suas construções. Segundo Freire (1996, p.18):

A curiosidade como inquietação indagadora, como inclinação ao desvelamento de algo, como pergunta verbalizada ou não, como procura de esclarecimento, como sinal de atenção que sugere e alerta faz parte integrante do fenômeno vital. Não haveria criatividade sem a curiosidade que nos move e que nos põe pacientemente impacientes diante do mundo que não fizemos, acrescentando a ele algo que fazemos.

O professor de arte, precisa gostar de arte e estar preparado para inovar, buscando sempre saciar as necessidades de seus alunos em sala de aula, um bom planejamento faz com que a aula se torne fascinante. O educador pode apresentar vários modelos de objetos diferentes, para que o aluno tenha referências variadas para explorar, manipular e criar sua arte de acordo com a sua imaginação e curiosidade. Na educação infantil, a criança explora bastante os sentidos, pois se encontra na fase do concreto, fazendo com que suas experiências sejam enriquecidas pela sua imaginação. Os Parâmetros Curriculares Nacionais salientam que:

 O aluno que conhece arte pode estabelecer relações mais amplas quando estuda um determinado período histórico. Um aluno que exercita continuamente sua imaginação estará mais habilitado a construir um texto, a desenvolver estratégias pessoais para resolver um problema matemático. (BRASIL,1997, p.19).

Neste período, suas habilidades são estimuladas, facilitando o processo ensino-aprendizagem, pois são desenvolvidas a percepção e a imaginação, o que facilita a compreensão das diferentes áreas do conhecimento.

O uso e o ensino das artes na educação infantil estão ligados ao interesse de quem aprende, pois estes serão autores de suas próprias histórias, transformando a arte parte de suas vidas, tornando a prática desta um instrumento pedagógico importante, que vai contribuir na construção do sujeito.

2.2 O DOCENTE COMO MEDIADOR DO ENSINO DA ARTE

Os alunos e educadores são sujeitos da aprendizagem, sendo assim, é indispensável a ligação e interação entre eles, onde o principal foco seja o processo de criar e aprender juntos, com o mundo das artes estabelecendo uma parceria e convivência harmônica e produtiva, visando sempre o bem-estar de todos, pois é nessa parceria que acontece o desenvolvimento da criatividade da criança. Dessa forma o papel do professor é o de:

Valorizar o repertório pessoal de imagens, gestos,”falas”, sons, personagens, instigar para que os aprendizes persigam ideias, respeitar o ritmo de cada um no despertar de suas imagens internas são aspectos que não podem ser esquecidos pelo ensinante de arte. Essas atitudes poderão abrir espaço para o imaginário.(MARTINS; PICOSQUE;GUERRA,1998,p.118)

O educador é o mediador do conhecimento para com o aluno, por isso ele deve ter consciência que a transformação deve começar através dele, pois é preciso que ele insira a criança no mundo das artes, incentivando-as a explorar este mundo e produzir arte de maneira significativa. É necessário sempre estimular os alunos a serem pesquisadores, despertando a criatividade e incentivando habilidades como observar, imaginar, criar, sentir, ver e admirar, respeitando sempre o ponto de vista de cada aluno.

A linguagem visual é tão importante quanto outra linguagem, pois ela também é uma forma de expressão e comunicação. Ela se manifesta através de desenhos, pinturas, esculturas, modelagens, enfim de inúmeras formas e tem grande significação, principalmente na Educação Infantil, período em que a criança busca na sua imaginação aguçada, maneiras diferentes de se expressar e demonstrar aquilo que sente. Ao encontro disso, Ferraz e Fusari (1999, p.15) ressaltam:

[…] se pretendemos contribuir para a formação de cidadãos conhecedores da arte e para a melhoria da qualidade da educação escolar artística e estética, é preciso que organizemos nossas propostas de tal modo que a arte esteja presente nas aulas de Arte e se mostre significativa na vida das crianças e jovens.

Os educadores da Educação Infantil, muitas vezes não dão o devido valor a disciplina de artes dentro da sala de aula, usam atividades artísticas apenas para acalmar o ambiente e as crianças, sem organizar métodos e propostas para que  essas aulas sejam significativas, visando apenas decorar a sala de aula em datas comemorativas, porém é preciso aprofundar o conhecimento sobre este conteúdo e não apenas propor aos alunos desenhos e pinturas que depois não serão explorados, sem ter significado algum. Há ainda que considerar que quando o aluno está criando, ele está usando sua imaginação, não somente para a arte, mas sim estimulando a mente para outros processos de aprendizagem, pois a arte representa muito mais que isso, uma vez que ela faz parte da nossa vida.

Diante de todos os recursos existentes para o ensino de arte Barbosa (2003, p. 29), destaca que:

Nas salas, professores sobrevivem com o que tem e podem fazer enfrentando a ausência de condições mínimas que lhes dariam prazer e engajamento para realizar sua parte na formação educacional dos alunos e, neste caso, na sua formação cultural e artística.

Em reflexão a isso, é necessário voltar-se para a dura realidade da escola, pois sabemos que existem poucos recursos nas escolas destinados para o trabalho de artes, diante disso, surge então a importância da formação dos professores e criatividade dos educadores, pois estes precisam estar preparados para enfrentar a escassez de recursos, tendo um propósito para orientar os alunos, para que eles sejam capazes de desenvolver suas habilidades.

O aluno cria expectativas em relação a aula de arte, devido a isso o professor precisa usar de todos os meios para ir de encontro àquilo que o aluno deseja fazer, por isso é importante que o educador tenha conhecimento acerca da realidade de cada aluno, buscando conhecer sua cultura e o meio em que vive, permitindo que ele deixe fluir sua criatividade e imaginação livremente. Conforme Júnior Duarte (2012, p. 67-68):

Ora a arte se constitui num estímulo permanente para que sua imaginação flutue e crie mundos possíveis, novas possibilidades de ser e sentir-se. Pela arte a imaginação é convidada a atuar, rompendo o estreito espaço que o cotidiano lhe reserva. A imaginação é algo proibido em nossa civilização racionalista, que pretendeu bani-la do próprio campo das ciências, por ver nela uma fonte de erros no processo de conhecimento da’’ realidade’’. Devemos nos adaptar ás’’ coisas como são’’, á ‘’realidade’’ da vida, sem perdermos o nosso tempo com sonhos e visões utópicas.

Somos ensinados e cobrados na sociedade e na escola a sermos os melhores, a competirmos uns com os outros, deixando de lado nossas emoções. A escola não nos ensina a compreender o que sentimos, não trabalha o conhecimento das emoções e de nossas habilidades, sendo que é devido a isso que se manifesta a grande importância da arte, pois é através dela que podemos mudar essa realidade. A arte nos estimula à mudança, pois é ela que nos liberta do cotidiano cruel, é ela que nos inspira a criar e recriar novas possibilidades e oportunidades, nos permitindo de ver além daquilo que o aluno vive. A arte nos leva a acreditar nos sonhos e estimular a busca pela realização de nossos anseios.

3 METODOLOGIA

Esta pesquisa é de natureza bibliográfica de cunho qualitativo acerca da temática a arte na educação infantil, que visa alcançar baseada em diversos livros e artigos, buscando conhecer um pouco mais sobre o tema abordado, sendo ele a arte na educação infantil. Fonseca (2002, p.32), explica que:

A pesquisa bibliográfica é feita a partir de levantamento de referências teóricas já analisada, e publicadas por meios de escritos e eletrônicos, como livros, artigos científicos, páginas da web sites. Qualquer trabalho científico inicia-se com uma pesquisa bibliográfica, que permite ao pesquisador conhecer o que já se estudou sobre o assunto. Existem, porém pesquisas científicas que se baseiam unicamente na pesquisa bibliográfica, procurando referências teóricas publicadas com o objetivo de recolher informações ou conhecimentos prévios sobre o problema a respeito do qual se procura a resposta.

Esta pesquisa foi de extrema importância, proporcionou uma melhor reflexão sobre a arte na educação infantil tanto para o professor mediador do conhecimento e a escola em si, procurando esclarecimento para as dúvidas em relação ao tema escolhido. Tendo em vista agregar conhecimento ao professor sobre o tema pesquisado. De acordo com Costa (2002, p.107):

Pesquisar é uma atividade que corresponde a um desejo de produzir saber, conhecimentos, e quem conhece, governa. Conhecer não é descobrir algo que existe de uma determinada forma em um determinado lugar real. Conhecer é descrever, nomear, relatar, desde uma posição que é temporal, espacial e hierárquica. O que chamamos de realidade é o resultado desse processo.

Com a metodologia escolhida foi possível aumentar os conhecimentos sobre a importância da arte no currículo escolar e mostrar ao aluno o mundo enriquecedor da arte, tornando assim o contato com a arte em novos estímulos para o desenvolvimento do aluno, apontando como a arte é importantíssima para qualquer processo de aprendizagem desenvolvendo o senso crítico e potencialidades do aluno.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa foi de extrema importância por discutir e estudar sobre o tema a arte na educação infantil, de modo que o professor da área de artes visuais tenha repertório para poder pensar em estratégias de ensino de arte na educação infantil, coerentes com a realidade com que os alunos estão inseridos e suas culturas.

É necessário saber diferenciar todos os contextos que existem e que podem ser explorados na área de arte de modo criativo e atual. A educação através da arte contribui no desenvolvimento da criatividade, da autonomia e da espontaneidade. Desta forma conforme se adquire interesse pela arte os indivíduos se tornam mais críticos e reflexivos.

O ensino de arte tem como propósito proporcionar possibilidades inúmeras na vida das crianças, por isso deve ser percebido como forma de construção de conhecimento, de compreensão do mundo e exteriorização de sentimentos e emoções. Assim sendo a arte na educação infantil é de muita relevância para os alunos vivenciarem suas experiências, expressarem-se e, ampliarem o conhecimento, desenvolverem o pensamento criativo e estético.

Através do presente estudo foi possível observar que fica notável que uma das grandes dificuldades encontradas no ensino de artes são os profissionais sem a devida formação, assim como a compreensão do que se trabalha nessa disciplina e os objetivos a serem alcançados com a mesma.

É de suma importância que o educador como mediador da aprendizagem em artes, precisa interagir com as crianças, observando-as num primeiro momento e motivando-as a ter prazer ao fazer a arte, despertando-lhes o interesse pelas atividades artísticas propostas desenvolvendo assim habilidades e potencialidades do aluno.

Constatou-se, durante o desenvolvimento deste trabalho observar uma diversidade no que se refere a atividades que envolvam o ensino de artes na educação infantil como também reconhecer a fundamental importância na formação das crianças em seus aspectos: Cognitivos, emocionais, culturais, intelectuais e sociais.

Diante de todas as leituras, percebo que ainda há muito para ser feito no campo das artes. Acredito que estamos caminhando para a melhoria dessa disciplina tão importante, apesar que ainda existe o pensamento que arte é apenas recreação e descontração muito pelo contrário, sem ela não atingiremos um desenvolvimento sólido com nossos alunos. Mas para isso, é preciso salientar que os professores que já estão atuando na educação infantil com artes vão precisar de uma formação continuada para debater as diversas linguagens artísticas.

É preciso pensar e propor estratégias atuais a partir das quais os alunos aprendam a utilizar o ensino de artes de modo coerente com as suas situações. Acredito que não estamos preparados para tudo na vida, com a globalização as mudanças acontecem rapidamente por isso precisamos sempre nos atualizarmos, e assim também é na vida das crianças.

Enfim este trabalho teve por finalidade buscar entender como a arte pode influenciar na vida das crianças e como o educador precisa incentivar seus alunos a serem sujeitos pensantes, críticos e criadores. A partir disso, foi possível constatar que o ensino de artes é algo potente e transformador e que a escola precisa adequar suas práticas, ofertando um ensino atual e consistente que condiz com a realidade do aluno.

REFERÊNCIAS

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BARBOSA, Ana Mae. Et al. Inquietações e mudanças no ensino da arte. 2. ed. SÃO Paulo: Cortez, 2003.

COSTA, Marisa Vorrabe. (Org): Caminhos Investigativos II: outros modos de fazer pesquisa na educação. Rio de Janeiro: DP&A, 2002

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FONSECA, J.J.S. Metodologia da pesquisa cientifica. Fortaleza, CE: UEC, 2002

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JÚNIOR, João Francisco Duarte. Por que arte- educação? – 22ª Ed. – Campinas, SP: Papirus, 2012, 87p. (Coleção Ágere)

LAVELBERG, Rosa. Para gostar de Aprender Arte: Sala de Aula e Formação de Professores. Porto Alegre: Artmed, 2009

PIRES, E. Proposta Curricular da Educação Infantil. Campinas: Prefeitura Municipal de Campinas, 2009