Tia Sônia me disse

Ilustração
Ilustração

Olá Soledade, como estão?

Eu já sou conhecido de alguns na cidade, porém hoje compartilho de uma grande honra ao escrever conjuntamente com uma querida, a Decana da Escola de Comunicação, Artes e Design – Famecos da PUCRS, a professora e doutora Rosângela Florczak.

Nosso assunto é a nossa paixão: Jornalismo.

É super compreensível que após toda a euforia de emoções que foram provocadas pelas últimas eleições a credibilidade dessa profissão tenha sido questionada por alguns como um poder manipulador e não como uma ferramenta de manutenção social.

São medidas covalentes, ou seja, uma é consequência de outra.

Nunca ficou tão claro na história recente do nosso País, a importância do jornalismo sério e de credibilidade. O estrago provocado pelas fake news que alimentam a rotina de discórdia entre pessoas e transbordam desentendimentos para escolas, famílias e ruas, ainda não pode ser calculado, mas já podemos nos atrever a algumas análises.

A fábrica de notícias falsas sempre existiu. Os boatos, vazamentos, exageros e sensacionalismos fazem partem da história. O fato novo e que agrava os riscos de rompimento social está justamente no ambiente midiático que hoje transporta os conteúdos que estão à serviço da barbárie.

Aqui trazemos duas características do nosso tempo. A primeira é a relação de confiança que costuma ser a amálgama da vida em sociedade. Com o livre acesso à informação, o cidadão deixa de confiar nas grandes instituições, entre elas os grupos de mídia, e transfere a confiança para as relações interpessoais. Isso já nos alertava o sociólogo espanhol, Manuel Castells. Traduzindo para o cotidiano: é mais fácil confiar nas informações enviadas por comunicador instantâneo pela “Tia Sônia”, com quem compartilho medos e fantasias, do que naquilo que dizem as autoridades e instituições.

Outro ponto importante é o próprio potencial de disseminação proporcionado pela mídia digital e pelos algoritmos das bigtechs que detém o controle das plataformas midiáticas. As grandes empresas de mídias sociais faturam com a audiência e o que gera audiência é o conflito. Pronto! A fórmula explosiva está dada. Quanto mais conflito, mais audiência! E para ter conflito, as fake News são o combustível perfeito.

Diante desse cenário, nada mais necessário hoje que resgatar o processo confiável do bom jornalismo: a curadoria de profissionais, a apuração baseada na ética, no compromisso social e na busca de verdades. Resgatar e revalorizar as boas práticas do jornalismo pode ser um bom antídoto para enfrentarmos tempos tão novos e desafiadores.

Emoções estão em nosso mais profundo ser e são, para algumas pessoas, quase incontroláveis, o pensamento individualista move muitas de nossas decisões mas quando o assunto impacta diretamente a comunidade deve-se ser pesado a ponderação em nome de todos.

Que as coisas se acalmem, que a sociedade retorne à pacificidade é que tenhamos uma boa vivência social.

Por João Gabriel Nunes e Rosângela Florczak

 


 

João Gabriel Nunes Cunha é jornalista e bacharel pela Escola de Comunicação, Artes e Design – Famecos. Atuou em coberturas de eventos governamentais, eleições e eventos. Atualmente continua desenvolvendo estudos na área de gestão de reputação

Profª Drª Rosângela Florczak é doutora e mestre em Comunicação (PUCRS), com especialização em Sociologia (UFRGS); em Comunicação Empresarial e em Teorias e Práticas de Ensino (ESPM). É graduada em Comunicação Social – Jornalismo (UFSM) e consultora e sócia-diretora da Verity Consultoria. Atuou como executiva de comunicação em organizações de grande porte, especialmente na área educacional e saúde. Atualmente, é decana da Escola de Comunicação, Artes e Design da PUCRS.

Últimas Postagens

Publicidade
Publicidade
Publicidade