Rio Grande do Sul confirma primeiro caso de infecção simultânea dos vírus influenza e coronavírus

Divulgação / SES
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O governo do Rio Grande do Sul anunciou nesta quarta-feira a confirmação do primeiro caso de flurona, que é a infecção simultânea dos vírus influenza e coronavírus. A detecção foi confirmada no Laboratório Central do Estado (Lacen/RS). O caso é de um homem de 21 anos, residente de Porto Alegre, que apresentou sintomas gripais leves e não precisou de hospitalização.

A pessoa foi atendida dia 23 de dezembro na Capital, apresentando dor no corpo, cefaleia (dor de cabeça) e febre. Na mesma data, já regressou para casa. Ele não possui comorbidades e o resultado confirmatório de RT-PCR saiu no último dia 28. Investigações posteriores apuraram que o homem realizou apenas uma dose da vacina da Covid-19 em setembro do ano passado e não completou o esquema de duas doses. Ainda está em apuração a situação vacinal do homem contra a gripe.

O tipo de vírus da gripe detectado no homem foi o influenza A-H3N2. Esse tipo de vírus é um dos que compõe a vacina anual da gripe. Desde o início de dezembro, o Lacen já identificou 116 casos de influenza A-H3N2, incluindo entre eles dois óbitos (em residentes de Porto Alegre e São Francisco de Paula) e esse caso leve de codetecção com o coronavírus.

Diante do cenário da infecção conjunta de influenza e coronavírus, o infectologista do Hospital Nossa Senhora da Conceição (HNSC), André Luiz Machado, critica o reduzido número de testes para a detecção do primeiro vírus oferecidos na rede de saúde de Porto Alegre. “A gente está testando menos influenza do que deveria. E isso muito se deve ao fato da facilidade que se tem pra testagem para Covid-19 em farmácias com testes de antígeno”, explica.

Machado ressalta que muitas pessoas vão à farmácia e fazem teste de antígeno para Covid-19. E quando o resultado é negativo, “fica por isso mesmo”. “A gente não vai ser diferente de outros países em relação a não ter flurona”, salienta.

Tratamento

Na avaliação do infectologista, nas situações em que se identifica sintomas de síndrome gripal, principalmente aliados a fatores de risco, é preciso associar o tratamento para influenza. “É uma doença grave, principalmente nos extremos de idade, nas crianças com menos de seis anos, nos idosos (adultos com mais de 60 anos) e grávidas. Esta população, se apresentar síndrome gripal, não deve postergar o tratamento para Influenza a despeito de um resultado de exame em que foi na farmácia, fez teste antígeno e deu negativo para Covid-19”, alerta.

Conforme Machado, o crescimento da demanda por atendimento em unidades de saúde da Capital é um indicativo de que as aglomerações de final de ano já refletem nos pronto-atendimentos. E isso pode começar a comprometer o nível de assistência de saúde, principalmente no nível terciário, que é a internação. “Ninguém quer voltar a medidas restritivas que tivemos no primeiro semestre de 2021, mas se a população continuar com uma postura de ‘aglomerar’ e achar que estar vacinada para Covid-19 a deixa plenamente imune e a permite dar um passaporte de frequentar ambientes aglomerados, a gente vai sofrer uma consequência muito significativa em pouco tempo”, justifica.

Machado afirma que o Estado deveria prover a assistência primária, secundária e terciária de exames para influenza e “abastecer as farmácias” com o medicamento Oseltamivir (Tamiflu) para tratamento da influenza. “Essa medicação, quando começa até 48 horas após início da síndrome gripal, que é febre com dor de garganta, com tosse, muda a evolução da doença. Só que a gente precisa buscar mais o diagnóstico”, reforça.

Do Correio do Povo.