Artigo: As contribuições do processo de alfabetização e letramento na educação infantil

* Bianca De Lós Magagnin

Declaro que sou autor(a) deste Trabalho de Conclusão de Curso. Declaro também que o mesmo foi por mim elaborado e integralmente redigido, não tendo sido copiado ou extraído, seja parcial ou integralmente, de forma ilícita de nenhuma fonte além daquelas públicas consultadas e corretamente referenciadas ao longo do trabalho ou daquelas cujos dados resultaram de investigações empíricas por mim realizadas para fins de produção deste trabalho.

Assim, declaro, demonstrando minha plena consciência dos seus efeitos civis, penais e administrativos, e assumindo total responsabilidade caso se configure o crime de plágio ou violação aos direitos autorais. (Consulte a 3ª Cláusula, § 4º, do Contrato de Prestação de Serviços).

RESUMO- O presente artigo tem como assunto principal as contribuições do processo de alfabetização e letramento na educação infantil. Enfatiza o letramento como uma proposta pedagógica a ser concluída de modo lúdico bem como investiga a maneira de como o professor atua com as crianças até os seis anos. Os principais objetivos da pesquisa foram conhecer como acontece a alfabetização e letramento na fase infantil e no que isto irá refletir no desenvolvimento dos alunos. O texto tem como proposta não só a construção desses conceitos abordados, como também expõe as contribuições que a junção desses dois processos (alfabetização e letramento) trazem para a educação. Esses dois processos buscam um repensar da aquisição da língua escrita, baseado no alfabetizar letrado, que não deve ser trabalhado de maneira independente, e sim coletivamente já que é fundamental para a vida, a formação e o desenvolvimento do ser humano, em qualquer idade.

PALAVRAS-CHAVE: Alfabetização. Letramento. Educação Infantil.

1     INTRODUÇÃO

A alfabetização e letramento são processos sobre os quais sempre me interessei a entender, como e de que maneira acontecem na escola, principalmente na Educação Infantil e nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental. Compreender esses dois processos é indispensável para que, o trabalho na Educação Infantil e nos Anos Inicias do Ensino Fundamental sejam significativos para os sujeitos que nela atuam.

A Educação Infantil é uma das fases mais importantes da criança, por isso a preocupação em alfabetizar faz com que o professor repense suas atitudes na busca de métodos de aprendizagem em relação a sua prática pedagógica no contexto escolar.

O principal objetivo deste artigo é ressaltar a função da Educação Infantil, e entender como alfabetizar letrando pode ser executado nesta etapa, e de que maneira isso se evidencia.

Ressalta-se também que o espaço físico da escola influência de maneira significativa no processo de ensino aprendizagem da criança, pois é necessário discutir sobre a organização desses espaços na educação infantil, refletir o papel de cuidar e educar diante do espaço em que isso vai acontecer.

Pensar o espaço para as crianças em suas diferentes idades é uma condição imprescindível para uma instituição de educação infantil, isso tudo depende de um planejamento técnico que envolve estudos de viabilidade, de características definidas do ambiente e da elaboração de um projeto arquitetônico ligada diretamente a uma proposta pedagógica que fundamente a ação educativa realizada nestes espaços.

Desse modo, para que a consecução desta pesquisa fique clara e objetiva, refletimos sobre as funções dadas à educação infantil e a finalidade do letramento e alfabetização, mostrando como pode-se oferecer um espaço de acesso para escrita e leitura antes do Ensino Fundamental de forma prazerosa e inserindo atividades adequadas a essa faixa etária.

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 Alfabetização e letramento?

A alfabetização é um processo que inicia-se antes da entrada da criança na escola, onde submete-se a mecanismos formais de aprendizagem da escrita e leitura.

Compreende-se por alfabetização o processo que adquire o domínio de um sistema linguístico e das habilidades de utilizá-lo para escrever e ler, sendo assim possibilitando o domínio das ferramentas, técnicas e conjuntos necessários para exercer a arte e a ciência da escrita e da leitura.

Em relação a isso:

A alfabetização refere-se à aquisição da escrita enquanto aprendizagem de habilidades pela leitura, escrita e as chamadas práticas de linguagem. Isso é levado a efeito, em geral por meio do processo de escolarização e, portanto da instrução formal. A alfabetização pertence assim, ao âmbito individual. (TFOUNI, 1998, p.9, e 1995, p. 9-10).

Enquanto a alfabetização se ocupa com da aquisição da escrita, o Letramento se preocupa com o processo de socialização do ler e escrever.

A palavra letramento fez-se necessário, segundo Magda Soares (2001, p.128), por causa da impossibilidade de dar um sentido mais amplo à alfabetização. “Não basta aprender a ler e escrever. As pessoas se alfabetizam, aprendam ler e escrever, mas não necessariamente incorporam a prática da leitura e da escrita.’’ De acordo com a autora, o indivíduo, sem letramento se alfabetiza, porém não adquiri competências para usar esta ferramenta que lhe foi ensinada.

Assim, não basta apenas apresentar para os alunos as letras e sua relação com os sons, as palavras e fases, é preciso trabalhar com textos reais estimulando a escrita e leitura dos diversos gêneros textuais, proporcionando um momento de interação e questionamentos da finalidade da leitura e escrita (para que lemos e escrevemos).

Dessa forma, percebe-se que alfabetizar e letrar são duas tarefas a serem desenvolvidas aliada mente nas classes de alfabetização.

2.2 A importância do lúdico no desenvolvimento da aprendizagem?

O desenvolvimento desses processos de educação pode ser facilitada pelo educador por meio de atividades lúdicas, que servirão de apoio ao desenvolvimento da linguagem falada e também ao processo da aquisição da linguagem escrita. Brincar e jogar são atividades que, se bem orientadas, certamente colaborarão para o desenvolvimento da psicomotricidade no âmbito escolar.

O brincar possibilita a criança a aprender a lidar com as emoções, por meio da brincadeira a criança equilibra as tensões do seu mundo cultural, construindo assim sua individualidade, sua personalidade e sua marca pessoal. Segundo Zanluchi (2005, P.89) reafirma que “Quando brinca, a criança prepara-se a vida, pois é através de sua atividade lúdica que ela vai tendo contato com o mundo físico e social, bem como vai compreendendo como são e como funcionam as coisas.”. Portanto a escola deve facilitar a aprendizagem utilizando atividades lúdicas, proporcionando um ambiente alfabetizador a fim de favorecer o processo de obtenção da autonomia na hora do aprendizado.

As atividades lúdicas quando bem direcionadas, possibilitam benefícios para a criança, onde refletirá na sua saúde física, mental, social e intelectual, até mesmo no adolescente e ao adulto. Essas atividades tem como benefício:

  • Físico: os jogos devem ser a base principal dos exercícios físicos oferecidos pela criança;
  • Intelectual: o brinquedo contribui para a desinibição, produzindo uma exercitação mental altamente estimulante;
  • Social: a criança através do lúdico, representa situações que simbolizam a realidade que ainda não pode alcançar; através dos jogos simbólicos se explica o real e o eu. O brincar faz com que a criança tenha noção social da importância do respeito ao outro e das regras da sociedade;
  • Didático: as brincadeiras transformam os conteúdos em atividades realmente interessantes, manifestando certas facilidades diante da aplicação do lúdico.

Assim, percebe-se que o lúdico é importantíssimo para o trabalho pedagógico escolar, como também, para o desenvolvimento dos conteúdos conceituais, atitudinais e procedimentais na formação de crianças, e deve estar presente em todo o âmbito escolar.

A escola é um espaço de suma importância para as crianças, pois além da sala de aula, existem outros espaços que estimulam o desenvolvimento tanto motora como cognitivo, momentos que proporcionam despertar a curiosidade da criança, o encantamento e a imaginação e também a escola oferece o pátio, possibilitando o contato com o meio ambiente e a recreação de diversas brincadeiras livres e dirigidas pelo professor.

 “A função da escola, na área da linguagem, é introduzir a criança no mundo da escrita, explorando tanto a língua oral quanto a escrita como forma de interlocução, em que quem fala ou escreve é um sujeito que em determinado contexto social e histórico, em determinada situação pragmática, interage como um locutor, também um sujeito, e o faz levado por um objetivo, um desejo, uma necessidade de interação’’. (SOARES, 2001, p. 13-60).

Portanto é fundamental para o processo de aprendizagem, que as crianças saibam as funções sociais e as finalidades da leitura e escrita, que só compreendendo e praticando esse exercício é que a alfabetização terá sentido.

2.3 A organização do tempo e do espaço na educação infantil

Estabelecer uma rotina diária é fundamental para que a criança perceba a relação de espaço-tempo, assim o professor consegue observar as crianças para a partir disso trabalhar suas atividades partindo das ações observadas, além de criar suas previsões sobre o funcionamentos dos horários, essa rotina possibilita um clima de segurança e de estabilidade fundamental para o desenvolvimento infantil.

Organizar o cotidiano das crianças da Educação Infantil pressupõe pensar que o estabelecimento de uma sequência básica de atividades diárias é, antes de mais nada, o resultado da leitura que fazemos do nosso grupo de crianças, a partir, principalmente, de suas necessidades. É importante que o educador observe o que as crianças brincam, como estas brincadeiras se desenvolvem, o que mais gostam de fazer, em que espaços preferem ficar, o que lhes chama mais atenção, em que momentos do dia estão mais tranquilos ou mais agitados. Este conhecimento é fundamental para que a estruturação espaço-temporal tenha significado. Ao lado disto, também é importante considerar o contexto sociocultural no qual se insere e a proposta pedagógica da instituição, que deverão lhe dar suporte. (BARBOSA; HORN, 2001, p. 67).

A proposta pedagógica de cada escola está definida de acordo com a necessidade das crianças, e cada atividade proposta envolve diferentes espaços e materiais, proporcionando ao aluno diariamente o exercício de compartilhar, realizar e decidir suas escolhas, como também participar dos grupos de colegas para a sua socialização.

Para isso, necessita-se que as crianças desde pequenas devem ser estimuladas no desenvolvimento de sua autoestima, autonomia e cidadania, pois como seres sociais, tornam-se pertencentes a uma classe social que apresenta uma linguagem decorrente das relações ali estabelecidas.

Os professores precisam estar preparados para superar diversos desafios, pois cada criança possui sua própria personalidade, e com o passar dos dias observa-se individualmente a criança para que sua aprendizagem torne-se efetiva e ao mesmo tempo o ambiente escolar fica mais leve e familiar para a adaptação da turma.

“Ao adulto cabe o importante desafio de tornar efetivas as possibilidades de desenvolvimento da espécie, principalmente proporcionando à criança pequena um contexto de desenvolvimento que priorize as formas de atividades que ela precisa realizar para aprender, que facilite os processos interativos entre as crianças e as outras pessoas, que torne acessíveis todos os bens culturais, que permita a experimentação e a exploração próprias da idade. Enfim, que traga uma qualidade de ação e interação com a criança de forma que ela possa tirar o máximo proveito das mediações para seu desenvolvimento”. (LIMA, 2009, p.27).

Por fim, está certo que a educação de uma criança seja qualquer sua idade depende de muitos fatores, além de pedagógicos, também estruturais, assim a organização do tempo e espaço contribui no processo de alfabetização e letramento na educação infantil. Mas para que esses fatores se efetivem com sucesso, a escola necessita-se estar em busca de diversas adaptações e soluções que beneficiam o aprendizado do aluno, pois a cada ano que passa as crianças inseridas no espaço escolar apresentam alguma dificuldade de aprendizagem ou física, onde neste momento necessita-se de inclusão e preparação de todos os profissionais de educação, garantindo a qualidade de ensino e o bem estar do aluno.

Este presente trabalho estruturou-se com base em uma pesquisa bibliográfica, de cunho qualitativo que visou alcançar os objetivos propostos, procurando conhecer a evolução dos processos de alfabetização e letramento na Educação Infantil. Para isso adotou-se estratégias variadas, utilizando diferentes perspectivas que acabam flexibilizando o suficiente para modificar técnicas utilizadas diante de cada situação. Segundo Demo (2013, p.108): “A pesquisa qualitativa abriga diferentes correntes que se apoiam em pressupostos contrários, métodos e técnicas distintas de estudos experimentais”.

O instrumento usado foi à coleta de informações feita através dos livros pesquisados e análises, buscando respostas para cada assunto que pretendeu-se abordar, de forma explicativa, discutindo e fazendo reflexões sobre a importância da alfabetização e letramento na Educação Infantil, ressaltando esses dois processos que são fundamentais para o desenvolvimento da criança, destacando que a escola é uma das fases mais importantes da vida da criança.

Na prática, porém, são adotados procedimentos ainda mais sofisticados, porque o manejo inteligente da não linearidade, da complexidade, da emergência, implica cuidados mais complicados e conclusões tanto mais questionáveis. A pesquisa qualitativa caracteriza-se pela abertura das perguntas, rejeitando-se toda resposta fechada, dicotômica, fatal. Mais do que o aprofundamento da análise, a pesquisa qualitativa busca o aprofundamento da familiaridade, convivência, comunicação. (DEMO, 2013, p. 130).

Dessa forma a abordagem qualitativa foi muito importante no aprofundamento das questões relacionadas à temática abordada, ou seja: o processo de alfabetização e letramento na Educação Infantil. Portanto, é necessário repensar o espaço que recebe as crianças na Educação Infantil, suas formas de participação nesse ambiente e se este lhes propicia aprendizagens significativas, pois o grau da apropriação dependerá das interações sociais relacionadas à leitura e à escrita que a criança terá oportunidade de vivenciar.

3 CONCLUSÃO

A pesquisa apresentada contribuiu de forma significativa para a compreensão do papel do profissional que atua nos anos iniciais do Ensino Fundamental, como alfabetizador antes a necessidade de buscar práticas pedagógicas de modo a respeitar a fase de desenvolvimento em que a criança se encontra, bem como a utilização de práticas que integrem a alfabetização e o letramento simultaneamente.

A maioria das pesquisas e leituras feitas sobre esse determinado tema, demonstrou-se a compreensão da necessidade de se trabalhar não apenas a alfabetização, mas também o letramento, indicando que os dois processos possibilitam o favorecimento ao aluno na prática de modo intencional e sistemático.

Concluiu-se que a educação infantil é a fase mais importante para a criança, pois nessa etapa a criança passa a maioria do tempo com o professor devido ao compromisso que seus pais tem com o trabalho. Percebeu-se também que os educadores carregam consigo a missão e a responsabilidade de desenvolver a capacidade de cada educando, explorando suas habilidades e estimulando o seu autoconhecimento e por fim formando sua própria personalidade.

A educação está sempre em transformação, os educadores necessitam estar em busca de aperfeiçoamento a todo tempo para estarem preparados a enfrentar os desafios da educação, pois hoje em dia as crianças estão cada vez mais aceleradas e dominam rapidamente as atividades propostas.

Com isso, destacou-se que o ambiente escolar, o seu espaço físico oferecido, necessita estar apto para atender a demanda dos seus alunos, de maneira que possibilite a segurança, a liberdade da criança explorar o espaço, mas também que o professor consiga transformar sua sala de aula, onde as crianças se sintam acolhidas e tenham vontade de estar neste ambiente.

A partir desses fatores: alfabetização, letramento e espaço físico escolar o professor possui as ferramentas necessárias para iniciar seu ano letivo, contribuindo para a aprendizagem das crianças, sem esquecer que o lúdico está ligado a todas as atividades propostas, pois brincando também se aprende a ler e escrever.

Com base nestes fatores, acredita-se que as práticas pedagógicas desde que de acordo com a faixa etária, propicie atividades significativas que possibilitam de algum modo contribuir no desenvolvimento do conhecimento de cada criança.

REFERÊNCIAS

BARBOSA, M. C. S.; HORN, M. G. S. Organização do espaço e do tempo na escola infantil. In: CRAIDY, C.; KAERCHER, G. E. Educação Infantil. Pra que te quero? Porto Alegre: Artmed, 2001, p. 67-79

DEMO, Pedro. Metodologia da investigação em educação. Curitiba: Inter Saberes, 2013.

LIMA, Souza Elvira. Brincar Para quê? São Paulo: Inter Alia Comunicação e Cultura, 2009.

SOARES, Magda. Letramento: Um Tema de Três Gêneros– 2 Ed, Belo Horizonte: Autêntica, 2001. 128p.

SOARES, Magda. Letramento: Um Tema de Três Gêneros– 2 Ed, Belo Horizonte: Autêntica, 2001, p: 13-60).

TFOUNI, L.V. Adultos não Alfabetizados: o avesso do avesso. Campinas: Pontes, 1998.

ZANLUCHI, Fernando Barroco. O brincar e o criar: as relações entre atividade lúdica, desenvolvimento da criatividade e Educação. Londrina: O autor, 2005.